Professores da UFC participam de livro internacional e fazem alerta sobre a vida marinha

Imagem: Capa do livro "Marine animal forest"Pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará integram a equipe de cientistas brasileiros que  escreveram o capítulo sobre a biodiversidade marinha brasileira no livro internacional Marine animal forest, lançado recentemente pela editora Springer-Nature (principal editora científica do mundo). A equipe era composta ainda por pesquisadores das universidades federais de Pernambuco (UFPE), da Bahia (UFBA) e do Rio de Janeiro (UFRJ), além da Universidade de São Paulo (USP).

O livro conta com 45 capítulos escritos por especialistas de todo o planeta e pretende ser uma referência mundial sobre o tema da vida e conservação dos oceanos. Editado por Sergio Rossi, da Università del Salento (Lecce, Itália); Andrea Gori (Universidade de Barcelona); Lorenzo Bramanti (Centro Nacional de Pesquisas da França); e Covadonga Orejas (Instituto Espanhol de Oceanografia), o livro aborda as mudanças drásticas ocorridas nos últimos 20 a 30 anos e um conceito desconhecido até o momento, o dos "bosques de animais marinhos".

O conceito de bosques de animais marinhos é inédito e faz referência às comunidades que vivem fixas no fundo do mar dominadas por animais como corais, gorgônias, esponjas e moluscos. Eles formam estruturas tridimensionais complexas que servem de refúgio para inúmeras espécies de peixes e tartarugas, dentre outras.

"No ambiente terrestre, as plantas (árvores e arbustos) formam os bosques e florestas. Porém, nos oceanos, os animais comumente dominam e criam hábitats em águas rasas. Um exemplo de bosque animal é o recife de coral que seria equivalente a uma floresta tropical. Mesmo onde não há luz, como na maior parte dos oceanos, são os animais que vivem fixos no fundo do mar que criam os hábitats", explica o Prof. Sergio Rossi, da Università del Salento.

O Prof. Sergio Rossi também explica que o "bosque animal" ou "bosque de animais marinhos" é a maior estrutura em extensão do planeta, já que 70% da superfície do planeta está coberta pelos mares e oceanos, concentrando 90% da vida na Terra. Porém, a área conhecida do fundo do mar é de apenas 5%.

O livro possui capítulos sobre a vida marinha desde áreas tropicais até os polos da Terra e alerta contra a degradação progressiva dos ecossistemas marinhos e a grave repercussão das mudanças ambientais globais para a conservação do planeta.

O capítulo produzido pelos cientistas brasileiros abordou a extensa costa nacional e ilhas oceânicas, desde águas rasas a profundas. "Foi um desafio juntar toda a informação sobre a biodiversidade do fundo do mar do Brasil e ainda discutir os principais impactos humanos e ações imediatas para a sua conservação. O livro como um todo propõe uma síntese para todos os interessados na conservação dos oceanos em todas as regiões do planeta Terra", afirma o Prof. Marcelo de Oliveira Soares, do Labomar.

Os pesquisadores advertem no livro que a atividade humana está provocando uma perda da vida marinha e de sua capacidade de recuperação. A importância da conservação dos bosques de animais reside na produção de alimentos, pesca, turismo e fármacos. Eles também servem como proteção e berçário da vida marinha e têm papel fundamental no equilíbrio do clima e dos ciclos do planeta com a captura dos gases do efeito estufa, por exemplo.

No caso do Brasil, os pesquisadores identificaram atividades de grande impacto, como pesca de arrasto (semelhante ao desmatamento de florestas terrestres), poluição marinha, mineração, extração de óleo e gás, obras nas zonas costeiras, aquicultura, além da presença de espécies invasoras e dos efeitos das mudanças globais (aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos e ocorrência de eventos extremos).

Fonte: Prof. Marcelo de Oliveira Soares, do Labomar – fone: 85 3366 7010