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Professor da UFC desenvolve técnica de construção de protetores faciais a partir de canos de PVC

Médica veste máscara, protetor facial e avental verdeA máxima "Se a vida te der limões, faça então uma limonada" não poderia ser mais atual para os brasileiros que tiveram sua rotina completamente transformada por conta da pandemia do novo coronavírus. Para os pesquisadores envolvidos no combate à enfermidade, ela pode ser quase uma síntese dos desafios diários que enfrentam na busca por soluções.

O Prof. Clemilson Santos, do Laboratório de Computação Física do Curso de Sistemas e Mídias Digitais (SMD do Instituto UFC Virtual) é um desses milhares de estudiosos que vêm unindo criatividade e inovação em sua atividade durante a crise: ele desenvolveu uma técnica de produção de protetores faciais [face shields] a partir de canos de PVC.

Utilizados pelos profissionais de saúde na linha de frente no enfrentamento da COVID-19 nos hospitais em todo o mundo, os face shields são equipamentos de proteção individual (EPIs) essenciais para reduzir a contaminação entre pacientes e aqueles que deles cuidam. São compostos por três peças: a viseira de acetato, o elástico e o suporte, este último geralmente produzido por meio de impressoras 3-D. Na técnica de fabricação elaborada pelo Prof. Clemilson, as impressoras podem ser dispensadas pela montagem manual a partir de canos de PVC. A ideia para o uso desse material veio como resposta a um impasse inicial.

"As impressoras 3-D do laboratório apresentaram problema logo no começo dos trabalhos. Foi frustrante, passei um final de semana inteiro tentando fazê-las funcionar. Então vi que tinha canos na minha oficina. Há muita gente que gosta de realizar trabalhos artesanais com PVC, só não sei se alguém resolveu fazer os face shields. Então, em comparação à impressão 3-D, esse processo é mais trabalhoso e envolve mais ferramentas, entretanto produz muito mais", explica.

Foto que demonstra os suportes de PVC saindo do forno para serem montados os protetores faciais ou face shieldsPara a fabricação, os canos inicialmente são lavados e serrados em seu comprimento. Em seguida, são levados ao forno ao ponto de ficar maleáveis e, logo após, prensados até virar chapas de PVC. Depois disso, as chapas são cortadas em tiras e lixadas. Para finalizar, são feitos furos e aplicados rebites de alumínio, para que as peças sejam presas ao acetato. Os elásticos são colocados e a peça, já completa, é pulverizada com uma mistura de água com produto desinfetante.

Apesar de contar com mais etapas do que simplesmente a de ligar uma impressora e acompanhar o seu funcionamento, a técnica de moldagem de PVC desenvolvida pelo pesquisador traz vantagens de produtividade, com um maior quantitativo de peças feitas no mesmo espaço de tempo. "Enquanto a impressão de um face shield dura, em média, uma hora, cada etapa desse processo de moldagem dura somente alguns minutos e processa várias peças de uma só vez. A impressão 3-D exige que um operador fique atento às impressões para corrigir qualquer problema. Portanto, digamos que alguém trabalhe oito horas por dia com uma impressora, no final do dia ele teria oito impressões se não perdesse nenhuma. Já com esse novo método, se passasse o dia todo fazendo isso, provavelmente teria mais de 100 unidades produzidas", afirma Clemilson.

Outro benefício aferido com a moldagem de PVC é o custo reduzido. "Uma bobina de 1 kg de filamento utilizado na impressão 3D custa na faixa de R$ 130,00 a R$ 150,00 e dá para imprimir 25 unidades, sem contar com as perdas. Com um cano de PVC de 6m por 100mm de diâmetro, que comprei atualmente por R$ 54,00, dá para fazer, aproximadamente, 120 unidades de face shields", calcula. Os protetores ainda trazem vantagem econômica por serem reutilizáveis, através de limpeza com solução clorada.

Foto da viseira de acetato, dos elásticos e dos suportes de PVC que compõem o protetor facialO Laboratório de Computação Física integra o Grupo de Tecnologias Assistivas da UFC, junto com pesquisadores de diversos campos do saber. Esse coletivo tem se engajado no desenvolvimento de materiais e equipamentos para a área de saúde. "O LCF é um laboratório didático do SMD que segue muito o modelo dos espaços makers tão falados atualmente. Então pretendo deixar o processo dos face shields mais simples e mais rápido de montar, como mais barato também. A cada produção, faço pequenas alterações para otimizar o processo e melhorar o resultado", declara.

Atualmente, há 70 peças em fase de montagem. Outras 40 estão sendo entregues e 30 já são utilizadas por profissionais de saúde que atuam na capital cearense. A produção está sendo encaminhada ao Hospital Geral Waldemar de Alcântara, no bairro Messejana, que também é encarregado da logística de distribuição desses EPIs.

Para aumentar ainda mais a produção do protetores, o Laboratório está recebendo doações de folhas de acetato, fitas elásticas e canos de PVC. Interessados em colaborar podem entrar em contato pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., pelo perfil do Instagram (@lcf.smd) ou pelo telefone (85) 99964 6517.

Fonte: Prof. Clemilson Santos, do Laboratório de Computação Física – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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