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Segundo dia dos EU 2020 levanta discussões sobre a convivência com o meio digital durante a pandemia

O segundo dia dos Encontros Universitários (EU) 2020 da Universidade Federal do Ceará foi marcado, logo pela manhã, pela palestra "Empatia e o ensino superior: relações humanas face à apropriação do digital". No evento, o Prof. Alex Sandro Gomes, do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), falou sobre a importância da empatia na relação professor-aluno, com foco na educação remota, preponderante neste momento devido ao período de pandemia. 

Durante a transmissão ao vivo pelo canal dos EU 2020 no Youtube, assistida por mais de 300 pessoas simultaneamente, o pesquisador apresentou estudos que apontam a ineficiência do atual modelo de ensino, que estabelece a figura do professor como único detentor do saber. "Aparentemente, nós nos equivocamos ao termos escolhido a sala de aula como modelo de apresentação, e tudo indica, com base nas metodologias ativas, que estamos voltando ao modelo de atuação do século XVI [...], com a participação legítima dos alunos nos espaços de produção e intervenção das devidas profissões".

Para o especialista em educação, as metodologias ativas de ensino, nas quais o aluno é agente de construção do conhecimento e participa ativamente do processo de aprendizagem, são capazes de "conectar e criar um relacionamento de empatia", essencial na relação professor-aluno. Sobre empatia, capacidade de se colocar no lugar do outro, ele explica que a habilidade está, atualmente, "abaixo das relacionadas a inteligência artificial e engenharia, uma das competências mais valorizadas no mercado".

Parafraseando o filósofo e educador Paulo Freire, Gomes sugere que há uma necessidade de "fugir da aula a todo custo e tentar construir práticas horizontais, mediadas pelo diálogo, problematizando o mundo". Segundo ele, é importante desenvolver a autonomia dos estudantes, futuros profissionais. "Na sala de aula, quem tem que crescer é o aluno. O professor já concluiu o seu ciclo, já foi inserido na sociedade", enfatizou.

Ao fim, o palestrante e os mediadores, Prof. José Ayres, do Instituto UFC Virtual, e o Prof. Sidney Guerra, ouvidor-geral da UFC, responderam a perguntas da audiência e compartilharam ideias de aplicação de metodologias ativas nos meios digitais. A palestra pode ser conferida integralmente no canal dos EU 2020 no Youtube.

Ouça também matéria produzida pela rádio Universitária FM sobre os EU 2020

OUTRAS ATIVIDADES – Além da palestra de abertura, esta quinta-feira de Encontros Universitários 2020 contou com a primeira aula do minicurso IoT, promovido pelo Campus da UFC em Quixadá. Oferecida pela empresa Radix Engenharia, a atividade recebeu cerca de 100 participantes. Ministrado pelo engenheiro de computação e especialista em Tecnologia João Lages, o minicurso, que seguirá até sexta-feira (12), apresenta conceitos básicos sobre a Internet das Coisas (IoT, sigla para Internet of Things) e tutoriais práticos de como enviar dados para a nuvem.

"Hoje nós temos não só computadores se conectando, mas outros objetos, como geladeira, uma casa se conectando pela Internet. Isso é o que a gente chama de IoT", definiu, citando alguns fatores que tornaram isso possível, como a disponibilização de sensores de baixo custo, a conectividade e a computação em nuvem. "Cada vez mais a gente cresce neste conceito. A gente tem a Inteligência Artificial, dispositivos baratos. Isso está cada vez mais proliferando e aumentando", observou.

Imagem: Print de tela do minicurso sobre Internet das Coisas

A tecnologia também se fez presente nas apresentações orais do I Encontro de Empreendedorismo e Inovação. O estudante Antonio Jefferson Macedo, do Curso de Sistemas de Informação, apresentou o projeto SisBarragens, um aplicativo para auxiliar no processo de inspeção de barragens hídricas. "O SisBarragens vem para inovar e transformar digitalmente o processo de inspeção de barragens", afirmou, destacando que o aplicativo apresenta ferramentas como: ficha de inspeção completa da barragem, acesso a históricos de inspeção, geração de relatórios e upload de fotos.

APRESENTAÇÕES ORAIS ‒ Na estreia da modalidade de apresentações orais em Fortaleza, as 35 salas virtuais trouxeram trabalhos acadêmicos com abordagens contemporâneas e de amplitude. Mestrando em Psicologia pela UFC, José da Silva Oliveira Neto foi responsável por apresentar a pesquisa "Colonialidade de gênero e homofobia internalizada: notas teóricas para o início de uma relação", sob orientação e coautoria do Prof. James Ferreira Moura Júnior. Neto explica que esses estudos se propõem a discorrer sobre o papel da colonialidade de gênero para o estabelecimento da heterossexualidade como norma balizadora da sexualidade humana, além de indicar o papel da colonialidade de gênero frente à homofobia e apontar o lugar ocupado por essa colonialidade no fortalecimento da homofobia internalizada.

"Decidi estudar isso, pois essa é uma realidade que me atravessa e é muito importante buscar mais compreensões sobre o assunto. Eu entendo que existe uma possibilidade muito evidente entre as categorias colonialidade e homofobia internalizada, entretanto são necessárias essas investigações empíricas", afirmou durante sua explanação. O mestrando agradeceu à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) pelo financiamento da pesquisa.

As salas também contaram com muitas discussões sobre novas tecnologias. Pesquisadora na área de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e graduanda em Administração pela UFC, Jordânia Sousa Gomes apresentou a pesquisa "Desenvolvimento e validação de uma plataforma on-line com design responsivo para avaliação fisioterapêutica em pneumologia, cardiologia e UTI". O estudo de Jordânia tem por objetivo o desenvolvimento de website com visualização e navegabilidade adequados, com todas as informações e formatos específicos, para auxiliar os profissionais de Fisioterapia.

"Os resultados parciais da pesquisa revelam que o site tem condições de responder a demandas específicas da avaliação fisioterapêutica, contudo a melhoria contínua está sendo aplicada para atender de forma ampla às necessidades dos profissionais em sua rotina. A pesquisa continua para a identificação dos pontos de potencial relevância que precisam de adequações", detalhou a estudante.

Imagem: Print de tela do II Encontro de Mulheres na Ciência, Tecnologia e Engenharias

DEBATE ‒ Nesta semana marcada pelo Dia Internacional da Mulher, foi realizado com destaque o II Encontro de Mulheres na Ciência, Tecnologia e Engenharias, organizado pelo Campus de Russas da UFC. Participaram da transmissão ao vivo as professoras Verônica Castelo Branco, Rossana Maria de Castro Andrade e Zuzilene da Silva Evangelista, e a mestranda Naiara Neves.

A roda de debates reservou um diálogo com muitos dados e relatos pessoais sobre a inserção da mulher nos cursos da área de ciência, tecnologia e engenharias. Em sua apresentação, a Profª Veronica Castelo Branco destacou que, no recorte do Centro de Tecnologia da UFC, a média de mulheres que ingressam em cursos superiores é de 30% do total.

Naiara Neves contribuiu com o encontro contando sobre sua trajetória de persistência na ocupação de espaços na área de análise e desenvolvimento de sistemas. "No começo me questionavam se eu tinha certeza que iria para uma graduação em Exatas, com muitas disciplinas envolvendo números, mesmo eu sempre me destacando nas matérias na área de exatas desde o colégio. O ponto mais forte foi a persistência. Me ajudou ter encontrado uma professora no curso, uma das poucas no corpo de professores na época, que me ajudou a ter forças para seguir nos estudos", afirmou.

OFICINA ‒ Durante a tarde, o Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil (NAF) da UFC promoveu, em parceria com a Receita Federal do Brasil, a oficina "Projeto Destinação ‒ Imposto de Renda Pessoa Física: como destinar parte do Imposto de Renda que deverá ser pago em 2021 diretamente aos Fundos e Programas Sociais". A atividade, transmitida ao vivo pelo canal dos EU 2020 no Youtube, teve a participação da analista tributária Joselice Lopes e do auditor fiscal Gilberto Rios, da Receita Federal, com a mediação dos professores Marcus Vinícius Machado e Lara Capelo, coordenador e vice-coordenadora do NAF/UFC, respectivamente.

Conforme Joselice Lopes, o contribuinte pode destinar uma parte do Imposto de Renda para financiar os fundos federal, estaduais e municipais de direitos da criança e do adolescente e do idoso; os programas PRONON e PRONAS de atenção a pacientes com câncer e a pessoas com deficiência, do Ministério da Saúde, além de incentivos para projetos culturais e audiovisuais, desportivos e paradesportivos. "O cidadão, o contribuinte comum pode decidir fazer a repartição das receitas e destinar, por força de lei, uma parte do imposto de renda devido que vai para a União em fundos de direitos ou programas sociais. Seis por cento desse imposto posso escolher como destinar na declaração ou no próprio ano-calendário", explicou Lopes.

ORIENTAÇÃO ‒ As pedagogas e orientadoras educacionais Carla Duarte e Tatiane Régis, da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), mediaram a roda de conversa "Vida estudantil em meio a uma pandemia". Com 79 estudantes de diferentes cursos da UFC reunidos na plataforma Google Meet, o encontro abordou as mudanças de rotina no período de ensino remoto, e como tem sido a percepção dos alunos desse momento. Os estudantes relataram dificuldades como o cansaço, a falta de motivação e a saudade das aulas práticas, enquanto as facilidades envolviam a flexibilidade de horários e o ganho de tempo, antes gasto com deslocamento até a faculdade.

Para Carla Duarte, a experiência da pandemia tem sido uma travessia, na esperança que se possa respirar e promover o bem-estar acadêmico. "Essa crise sanitária mexeu com todos nós, nas estruturas internas e externas da Universidade e de cada indivíduo. A pandemia veio colocar uma lupa nas dificuldades, na forma como os estudantes estudam, nas diferenças sociais e culturais", apontou.

Imagem: print de dela de mesa-redonda sobre a vida estudantil na pandemia

EXPERIÊNCIAS INSPIRADORAS ‒ As atividades do dia foram encerradas com edição especial do programa Experiências Inspiradoras, projeto de extensão que traz entrevistas com ex-alunos da UFC visando inspirar alunos e professores e valorizar a marca da Universidade por meio dos profissionais formados por ela.

No bate-papo, a Profª Cláudia Buhamra, coordenadora do projeto e titular da Coordenadoria de Comunicação e Marketing (UFC Informa) da UFC, recebeu Ramon Campos, egresso do Curso de Publicidade e Propaganda, palestrante e professor de Mídias Sociais.

Ramon, recepcionado também por seus ex-professores Hugo Acosta, coordenador do Curso de Administração (Noturno); e Norton Falcão, programador visual e coordenador-adjunto da UFC Informa, compartilhou seis lições que tem aprendido desde 2014 sobre criação de conteúdo, com dicas de marketing e produção de material para redes sociais.

Em resposta à tradicional pergunta do programa, a qual sugere ao entrevistado que deixe um conselho para os futuros profissionais, o publicitário aconselhou os estudantes que desenvolvam projetos particulares sobre temas do próprio interesse e experimentem diversas atividades extracurriculares na Universidade.

A Profª Cláudia Buhamra aproveitou a oportunidade para agradecer e prestar homenagem à equipe da UFC Informa, "que trabalhou arduamente para que as redes sociais fossem inundadas de informação sobre os Encontros" e atrelou o trabalho como um dos fatores responsáveis pela marca de quase 1.000 visualizações simultâneas alcançadas na palestra magna do evento, realizada no dia 10.

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Fonte: Comissão Executiva dos Encontros Universitários 2020 ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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