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Pesquisa sobre polinizadores está entre estudos publicados na Science

A Universidade Federal do Ceará, por meio do professor do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Breno Magalhães Freitas, foi representada em uma equipe internacional de 50 pesquisadores que acaba de publicar um trabalho na conceituada revista Science. O estudo, conduzido em 19 países e envolvendo 41 sistemas agrícolas e 600 áreas de cultivo espalhadas pelo mundo, procurou investigar o papel dos polinizadores silvestres e da abelha melífera (Apis mellifera) na polinização de diversas culturas exploradas globalmente. O estudo tem efeitos para a produção agrícola.

De acordo com o Prof. Breno, até a conclusão das pesquisas, achava-se que, se os polinizadores silvestres (como besouros, borboletas, mariposas, dentre outros) fossem importantes e, por alguma razão, não estivessem presentes nas áreas agrícolas, bastaria colocar colônias da Apis mellifera para resolver a questão da polinização na área. Mas não foi isso que o estudo concluiu.

"A pesquisa demonstrou a importância dos polinizadores silvestres na produção agrícola por meio de uma associação positiva destes com o vingamento de frutos em todos os sistemas em que estavam presentes, enquanto as abelhas melíferas o fizeram em apenas 14% destes", diz. Isso significa que "o aumento da densidade da abelha melífera nas áreas estudadas funciona como complementação e não substituição da polinização realizada pelos polinizadores silvestres", esclarece.

Com isso, os pesquisadores concluem que "novas práticas que integrem o manejo da abelha melífera e uma diversidade de polinizadores silvestres podem contribuir para aumentar a produtividade agrícola mundial. Isso é importante também porque, produzindo mais na mesma área, a necessidade de desmatar novas áreas para aumentar a produção agrícola fica menor".

Do Brasil, além do Prof. Breno, apenas duas outras pesquisadoras participaram do estudo: a Profª Blandina Viana e a doutoranda Juliana Hipólito, da Universidade Federal da Bahia. Por se tratar de um estudo complexo, envolvendo 600 áreas e 41 sistemas agrícolas em todos os continentes, o Prof. Breno explica que cada grupo de pesquisa enviou seus dados e, após as análises desses dados, inscreveu-se o trabalho via Internet.

Segundo ele, o trabalho publicado na Science "irá se tornar uma referência para conservação e uso dos polinizadores silvestres (principalmente abelhas) no contexto mundial da produção de alimentos e segurança alimentar". O artigo pode ser acessado on-line.

PESQUISAS – O Setor de Abelhas da UFC desenvolve pesquisas há 17 anos. De acordo com o Prof. Breno, os principais estudos envolvem: o uso de abelhas na polinização para conhecer espécies que se adequem bem; sua eficiência; o modo de criá-las racionalmente, multiplicar as colônias e manejá-las para a polinização; a criação de abelhas para a apicultura; e a criação de abelhas sem ferrão. Tudo isso resulta no desenvolvimento de manejos adequados para a região, técnicas de criação dessas abelhas e identificação e uso dos recursos alimentares para elas.

Como exemplo de pesquisas ele cita uma realizada em parceira com a Embrapa Agroindústria Tropical que resultou na identificação de uma nova espécie de abelha sem ferrão. A abelha se revelou "como excelente polinizadora de minimelancias sem sementes cultivadas dentro de casa de vegetação".

Outra pesquisa mencionada por ele, desenvolvida em parceria com a iniciativa privada, teve como resultado a criação de "uma técnica que faz com que plantas apícolas floresçam durante o período seco fornecendo alimento natural para as abelhas e assegurando sua sobrevivência até a volta das chuvas", acentua. Ele anuncia que as duas pesquisas acabam de ser concluídas e devem ser publicadas em breve.

Fonte: Prof. Breno Magalhães Freitas, Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFC – fone: 85 3366 9697

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