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110ª turma de Medicina cola grau reverenciando o tempo e pregando amor e resistência

Imagem: Foto da concludente Bianca Lopes falando no microfone aos colegas e ao público da colação"Se me perguntam o que eu gostaria de ganhar de presente, respondo: tempo." Assim a então estudante e agora médica Bianca Lopes Cunha incitou seus colegas à reflexão durante a cerimônia de colação de grau da 110ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, ocorrida nessa quarta-feira (13), no auditório da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC).

Oradora discente da cerimônia, Bianca quer tempo porque sabe que ele passa depressa. Ela relembrou o início da jornada de vários anos em que dividiu alegrias, tristezas, esperanças e angústias com familiares, amigos, professores, demais servidores e funcionários da Faculdade de Medicina. Agradeceu a todos eles e disse que, no começo, muitos dos estudantes nem tinham noção de que, durante esse período, viveriam as experiências mais marcantes de suas jovens vidas.

"O presente é nosso maior presente, por isso ele se chama assim", ensinou Bianca. Logo em seguida, mostrando que realmente sabe dar valor a cada momento, ela pediu 10 segundos do tempo dos formandos e convidou cada um deles a olhar para o lado e abraçar seus padrinhos e madrinhas de colação, emocionando a plateia.

Bianca também instigou os novos médicos a serem profissionais exemplares, a usar do tempo para saber escutar as pessoas que atenderão, para tornar mais leve e próxima a hierarquia médico-paciente, para se revoltar e ajudar a melhorar o sistema público de saúde. "Que usemos o tempo para sermos, em todos os tempos, a melhor versão de nós mesmos", conclamou.

Veja outras imagens da colação no Flickr da UFC

MEDICINA COM AMOR – Como oradora docente da colação, a Profª Elizabeth Daher fez um discurso marcado por amor,Imagem: Foto da Profª Elisabeth falando no púlpito da cerimônia humildade e humanidade. Ela pediu que cada um dos novos médicos e médicas lutasse "sempre com amor pelo seu doente". Pois, para ela, "a medicina nada mais é do que a arte do amor". Para além da retórica, a professora sensibilizou os formandos com a noção de que a realidade que os espera no exercício da profissão não é fácil, sendo ainda mais dramática para os pacientes, que convivem com as precariedades de hospitais e postos de saúde, entre outras mazelas.

"É no hospital, à beira da morte, que se aprende o que é amor", exemplificou a professora, acrescentando que os médicos devem colocar a atenção acima da remuneração, se dedicando com todo o afinco à cura de cada paciente. Citando a crise política e de valores que o País atravessa, a Profª Elizabeth destacou que os médicos precisam ao menos fazer sua parte, agindo sempre com base na ética e tendo em mente que, devido à corrupção, "milhares de pacientes morrem todos os anos aguardando por leitos nos hospitais".

Imagem: Foto do vice-reitor no exercício da Reitoria, Prof. Custódio Almeida, discursando para o público da colaçãoRESISTÊNCIA – O vice-reitor no exercício da Reitoria, Prof. Custódio Almeida, pautou seu discurso na necessidade de resistência ante a onda de ataques que a universidade pública brasileira vem sofrendo ultimamente. Ele lembrou recentes operações ocorridas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que se configuraram "notórios atentados à liberdade acadêmica".

De acordo com o Prof. Custódio, reitores têm tido sua liberdade cassada, enquanto algumas figuras do alto escalão político são flagradas em atos criminosos e permanecem em liberdade. "Aos que querem um estado autoritário e policialesco, saibam que a inteligência termina sempre vencendo", avisou.

Citando recentes resultados que mostram o avanço da UFC mesmo em meio às adversidades, Custódio salientou que os concludentes de medicina têm agora a responsabilidade de levar o nome da UFC ao longo de seu exercício profissional. E abordou a necessidade de olhar não só para a medicina em si, mas também para a saúde, a justiça social e a emancipação humana. "Procurem auscultar e também escutar", aconselhou. Por fim, pontuou que o sentimento de coletividade deve sempre ser trabalhado. "Estaremos sempre enganados se acharmos que seremos felizes sozinhos", advertiu. "Sejam felizes agora; não deixem isso para depois."

RITO DE COLAÇÃO – A pró-reitora adjunta de Graduação, Profª Simone Borges, entregou ao vice-reitor a lista com a assinatura dos 60 formandos. Em seguida, a concludente Karine Sampaio Sena dirigiu a leitura do juramento de Hipócrates. Concluindo o rito da solenidade, o Prof. Custódio leu o termo de colação de grau.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: 85 3366 7331 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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