Palestra com Gilmar de Carvalho marca encerramento da Semana Nacional de Arquivos na UFC

Imagem: Público assiste à palestra de Gilmar de CarvalhoA palestra "A xilogravura de extração popular na coleção do Museu de Arte (MAUC-UFC)", proferida pelo professor e pesquisador em cultura popular Gilmar de Carvalho, marcou o encerramento, na sexta-feira (8), da edição 2018 da Semana Nacional de Arquivos na Universidade Federaldo Ceará. Com o tema "Governança, memória e herança", o evento discutiu durante quatro dias a importância da conservação e da preservação de arquivos e possibilitou aos participantes conhecer espaços de memória da UFC, como a Reitoria, o arquivo da Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (PROPLAD) e o próprio MAUC, onde a palestra foi realizada.

Presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD) da UFC, a Profª Virgínia Bentes destacou que o evento teve significativa participação de profissionais e estudantes da área, propiciando boa troca de experiências. Ressaltou ainda a relevância da gestão de arquivos para a administração pública. "A primeira coisa que as pessoas têm de pensar, principalmente os gestores, é que a documentação museológica e arquivística realmente precisa ser estruturada de modo a facilitar a tomada de decisões. É fundamental saber sobre essa documentação arquivística, pois ela é de grande contribuição para a administração", afirmou.

A coordenadora do Memorial da UFC, Marcela Teixeira, comentou a participação do setor no evento, quando foram apresentadas as atividades exercidas por sua equipe, com ênfase na ação das visitas guiadas. Para Marcela, a gestão de arquivos é uma atividade que proporciona o acesso à informação. "A gente relatou durante essa semana a questão da gestão sistêmica dos arquivos porque, através da padronização, do conhecimento sobre segurança do acervo, da guarda, manutenção e conservação, se propiciam uma melhor gestão e, sobretudo, o acesso à informação aos usuários e ao público em geral", avaliou.

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ACERVO CULTURAL ‒ O Prof. Gilmar de Carvalho iniciou a palestra fazendo um histórico de seus estudos sobre xilogravura. Contou que, em 1976, em uma viagem a Juazeiro do Norte, viu "a realidade do Ceará profundo". Na época, conheceu a Tipografia São Francisco, onde eram produzidos cordéis, e foi nesse momento que despertou seu interesse pela arte de gravar em papel através da madeira. "O que me levou ao cordel foi exatamente minha paixão pela xilogravura", disse.

Imagem: Gilmar de Carvalho classificou o acervo de xilogravuras do MAUC como o melhor do Brasil na área (Foto: Arlindo Barreto/UFC)O pesquisador ainda narrou aos presentes o percurso histórico do surgimento da xilogravura em Juazeiro do Norte, que teve relação direta com a chegada do jornal impresso à cidade. Em 1909, nas movimentações para emancipação da cidade do Crato, Juazeiro do Norte viu surgir seu primeiro jornal, chamado O Rebate. A chegada desse parque gráfico e o fato de alguns mestres de máquinas serem também xilógrafos foram essenciais para o desenvolvimento da xilogravura no então povoado de Joaseiro.

Gilmar de Carvalho realçou que, comumente, os xilógrafos conciliavam sua atividade com o ofício de santeiro e que esse ambiente cultural-religioso foi de grande impacto para a consolidação da arte da xilogravura na região. "Nada disso teria acontecido se não fosse o milagre de Juazeiro, que trouxe a famosa diáspora nordestina", afirmou.

Além da história, o professor falou sobre outro aspecto relacionado à xilogravura: sua expressão como acervo de arte em museus e exposições. Gilmar classificou o acervo de xilogravuras do Museu de Arte da UFC como o melhor do Brasil na área. "Esse tipo de manifestação artística não chegaria a ser exposta na Europa se não fosse a interferência dos museus nacionais. Aqui no MAUC há o que não existe em nenhum lugar no Brasil. É importante a gente saber que esse acervo está aqui, bem cuidado e acessível", declarou.

SEMANA NACIONAL DOS ARQUIVOS ‒ Organizada pelo Arquivo Nacional e pela Fundação Casa de Rui Barbosa, a Semana Nacional de Arquivos tem o objetivo de aproximar a sociedade das instituições de memória de todo o País. Para isso, instituições de arquivo e culturais promovem, durante uma semana, atividades para divulgar os trabalhos desenvolvidos nesses espaços. A semana marca ainda o Dia Internacional dos Arquivos, celebrado em 9 de junho. Na UFC, a atividade foi promovida pela Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD) em parceria com o Memorial e o Museu de Arte da Universidade.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional ‒ fone: 85 3366 7331