Serviços da natureza são tema da segunda mesa do Congresso Natureza e Sociedade

Imagem: Prof. Julien Burte, da Universidade de Montpellier, foi um dos debatedores (Foto: Ribamar Neto/UFC)Com o tema "Da relação entre sociedade e natureza aos serviços da natureza", ocorreu, na tarde dessa terça-feira (12), a segunda mesa-redonda do Congresso Natureza e Sociedade, no Centro de Convivência do Campus do Pici Prof. Prisco Bezerra.

Integraram os debates o Prof. Julien Burte, da Universidade de Montpellier, na França; Eduardo Sávio Martins, professor da UFC e presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME); e Breno Freitas, do Departamento de Zootecnia. A mediação foi do Prof. Waldir Mantovani, do Centro de Ciências.

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Em fala conjunta, os professores Julien Burte e Eduardo Sávio Martins discorreram sobre a relevância da cooperação científica internacional na pesquisa em regiões semiáridas. Pesquisador do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD), organismo francês de pesquisa agronômica, Burte apresentou a rede Irrigated Systems in North Africa (SIRMA).

Essa rede promove, há quase 20 anos, parcerias científicas em estudos sobre irrigação no Norte da África e hoje congrega mais de 60 pesquisadores e alunos de pós-graduação. O enfoque dos trabalhos é em regiões da Tunísia, Argélia e Marrocos. Burte salientou que um dos objetivos da SIRMA é estreitar laços com estudiosos e instituições de outras regiões semiáridas do mundo, dentre as quais, o Nordeste brasileiro.

Imagem: Prof. Eduardo Sávio destacou a cooperação científica em estudos interdisciplinares com enfoque na questão hidrológica (Foto: Ribamar Neto/UFC)Em seguida, o Prof. Eduardo Sávio destacou a cooperação científica em estudos interdisciplinares com enfoque na questão hidrológica entre FUNCEME, CIRAD e L'Institut de Recherche pour le Développement (IRD), outro órgão de pesquisa francês. Para o pesquisador, essas alianças têm possibilitado diferentes estratégias e olhares para as questões locais. Uma das mais prementes, afirmou o docente, é a gestão hídrica desconcentrada dos grandes reservatórios.

"Nosso sistema de gestão de recursos hídricos hoje não consegue alcançar a escala local; essa é a grande deficiência dele. Conseguimos olhar os macrossistemas, mas não conseguimos ver o pequeno açude, o aluvião e como os atores interagem nessas pequenas tipologias de recursos disponíveis em uma escala de bacia menor", ressaltou.

Encerrando as apresentações da tarde, o Prof. Breno Freitas deu informações sobre o impacto econômico do serviço ecossistêmico de polinização na agricultura. Em levantamento feito sobre os resultados da presença de animais como moscas, abelhas, morcegos e alguns mamíferos em 115 culturas vegetais, estimou-se que esse serviço chega a representar US$ 350 bilhões anuais.

O Prof. Freitas ainda enfatizou as ameaças hoje sofridas pelos animais polinizadores, em especial as abelhas, com algumas espécies correndo risco de extinção. Mudanças no uso da terra, manejo agrícola intenso, uso de defensivos e cultivos geneticamente modificados são algumas das causas que têm posto em risco a existência dos polinizadores e, consequentemente, a segurança alimentar humana.

Imagem: O Prof. Breno Freitas deu informações sobre o impacto econômico do serviço ecossistêmico de polinização na agricultura (Foto: Ribamar Neto/UFC)"Nos últimos 50 anos passamos a ser mais dependentes dos polinizadores do ponto de vista agrícola. Sem os agentes polinizadores, culturas como  cacau, maçã, melão e manga chegam a ter redução de 90% na produção, o que as torna inviáveis economicamente", disse.

Para o pesquisador, é iminente que sejam adotadas novas práticas no campo que possibilitem aumento da produção de modo sustentável. "A gente precisa trazer para a agricultura os benefícios dos polinizadores, desenvolvendo práticas amigáveis", defendeu.

O EVENTO – O Congresso Natureza e Sociedade segue até quinta-feira (14), no Campus do Pici Prof. Prisco Bezerra, com a proposta de integrar pessoas de todas as áreas do conhecimento para pensar a questão ambiental de forma ampla. Reconciliar-se com a Terra é uma premissa do evento, que coloca em pauta temas como ecologia, recursos naturais, economia ecológica, educação ambiental, direito da natureza, gestão ambiental, entre outros.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fone: 85 3366 7331