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Hidroxicloroquina? Ibuprofeno? Pesquisador da UFC explica quais medicamentos são seguros na crise do Coronavírus

Imagem: Comprimidos em um frascoDe quase desconhecidos a celebridades. De repente, depois de declarações do presidente norte-americano Donald Trump, cloroquina e hidroxicloroquina ganharam destaque como esperança de cura para casos de pacientes acometidos com o novo coronavírus. Tudo, a partir do resultado promissor de pesquisas ainda em fase preliminar. Mas o que há de fato e o que há de risco nesses medicamentos?

O  Prof. Tiago Lima Sampaio, do Curso de Farmácia da UFC, faz um alerta para os riscos do uso da cloroquina e hidroxicloroquina sem uma rigorosa prescrição médica. "O problema está na toxicidade desses medicamentos, que podem provocar convulsões, problemas cardiovasculares e até cegueira", adverte.

O uso das duas substâncias já é bastante comum em patologias, como a malária, e em doenças crônicas, como o lúpus e a artrite reumatóide. Diante do que já se conhecia, os pesquisadores começaram a investigar seu potencial no combate à COVID-19 em estudos in vitro (laboratoriais, com uso apenas de células infectadas) e constataram a redução da infecção e proliferação viral. Mais recentemente, um novo passo foi dado, isolando pequenos grupos de pacientes voluntários. "São grupos bem pequenos, mas os resultados são promissores", afirma o professor.

O problema, explica Tiago Sampaio, é que ainda há uma longa jornada de pesquisas pela frente para ajustar dosagens e definir condições de uso e, com isso, proteger seus potenciais usuários contra os efeitos colaterais. "O panorama é promissor, mas há um problema de segurança", diz, acrescentando que são necessárias mais pesquisas para garantir regras seguras de uso do medicamento. "O pior é que algumas pessoas já estão tomando as substâncias como medida preventiva. Muitas inclusive pertencem a grupos de risco que são justamente os mais propensos aos efeitos tóxicos (da hidroxicloroquina)", diz o pesquisador.

No último dia 20, a Nigéria registrou dois casos de intoxicação pela hidroxicloroquina, depois de uma corrida desenfreada às farmácias, em busca do medicamento. As autoridades daquele país estimam que novos casos de intoxicação devem surgir nos próximos dias.

Além disso, esses medicamentos são essenciais para aqueles pacientes com doenças crônicas. A compra desenfreada e inadvertida por parte da população tem deixado esses pacientes sem acesso aos medicamentos, causando inclusive risco de morte, alerta o professor. Um problema de saúde pública e de conscientização da população que transcende as barreiras da solidariedade.

IBUPROFENO E ANTI-HIPERTENSIVOS – O pesquisador também analisa a situação de outra vertente recente de pesquisas, que sugeriu que o uso de ibuprofeno e alguns medicamentos anti-hipertensivos pode contribuir para o agravamento dos casos do novo coronavírus

Essas pesquisas, lembra o Prof. Tiago Sampaio, ainda estão em estágio inicial. "E por uma questão de custo-benefício, no caso dos medicamentos anti-hipertensivos, eles não devem ser interrompidos. Repito: a orientação da Organização Mundial de Saúde é não suspender (a medicação) de forma alguma e isolar ao máximo os pacientes hipertensos, em sua maioria idosos", reforça.

Já o caso do ibuprofeno é um pouco diferente. "Os dados obtidos na pesquisa são preliminares, de caráter muito inicial", destaca o Prof. Tiago. Ele lembra que, apesar disso, como existe uma alternativa eficiente ao ibuprofeno, há uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que esse medicamento seja substituído pelo paracetamol.

"É apenas uma recomendação, pois os estudos realizados ainda não são suficientes para estabelecer uma contraindicação para o ibuprofeno. Para haver uma contraindicação seriam necessários estudos clínicos mais robustos do que os realizados até agora", explica.

O professor reforça: nessa época de emergência, evite disseminar notícias de fontes que não seja confiáveis. Na dúvida, confira informações em sites oficiais (ANVISA, OMS, universidades e hospitais). Além disso, lave constantemente as mãos. O sabonete será nossa principal arma contra essa crise de saúde.

Fonte: Prof. Tiago Lima Sampaio – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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