Fortaleza tem cerca de 70% de eficiência na resposta a incidentes com vítimas em massa

Se Fortaleza enfrentasse hoje um evento trágico com vítimas em massa, a cidade teria uma eficiência de cerca de 70% na sua resposta de emergência. Essa é a conclusão de estudo coordenado pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, e aplicado em cidades do Brasil, Paquistão e Nigéria. No Brasil, a capital cearense foi a única participante da pesquisa, que foi executada sob a responsabilidade do Prof. Rogério Giesta, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

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Denominado Medindo a Capacidade Urbana para Crise Humanitária: Dirigindo uma Ferramenta de Avaliação da Resposta do Sistema de Saúde Urbano, o estudo culminou na criação da ferramenta CAMERA (do inglês City's Assessment for Mass Casualty Emergency Response / Avaliação da Cidade para Resposta a Emergências em Massa), que funciona como um questionário objetivo que avalia a resposta da cidade em situações de desastre, como desabamentos, incêndios, acidentes de trânsito etc.

No próximo dia 27 de abril, às 8h30min, o Prof. Giesta e os demais pesquisadores líderes de cada país farão uma apresentação on-line sobre a ferramenta à universidade norte-americana e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de todos os países participantes da pesquisa e de sua central de Genebra (Suíça). O evento tem participação aberta, por meio de inscrição em formulário eletrônico, e contará com tradução simultânea para o português.

O CAMERA avalia a resposta de cada cidade nos seguintes critérios: atuação central/municipal, atuação na cena do desastre, atuação no transporte da cena ao hospital e atuação no atendimento intra-hospitalar. Fortaleza teve respostas diferentes a cada um desses aspectos, o que a colocou em uma média de cerca de 70% de eficiência, percentual que a caracteriza como cidade de gravidade moderada. A ferramenta classifica as respostas das cidades em cinco categorias, conforme sua eficiência: pronta (acima de 95%), menor gravidade (81% a 95%), moderada (66% a 80%), maior gravidade (51% a 65%) e crítica (abaixo ou igual a 50%).

"O uso da ferramenta CAMERA em Fortaleza teve como resultado detalhar os principais pontos fortes e os pontos em que se pode fazer melhorias na resposta a um desastre, tanto no sistema de saúde, pré-hospitalar, hospitalar e de gestão, quanto no sistema de segurança", explica o Prof. Giesta. Segundo ele, o transporte da cena ao hospital foi a categoria com melhor resposta pela capital cearense, seguida do atendimento hospitalar.

Giesta é coordenador do Núcleo de Urgência e Emergência Pré-Hospitalar (NUEMPH), projeto de extensão vinculado ao Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC, cujos integrantes também participaram do projeto. No último dia 5 de março, a equipe da UFC apresentou os resultados da pesquisa para gestores municipais, em evento que contou com a participação, entre outros, da secretária de Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite.

O projeto teve início no começo de 2019 e a divulgação dos resultados, no próximo dia 27, marca seu encerramento. "Mas existe a ideia de utilizarmos novamente a ferramenta CAMERA daqui a três anos, para observarmos as melhorias do sistema de resposta a desastres apresentadas pelo município de Fortaleza, neste período. Além, é claro, da publicação científica dos resultados da pesquisa", adianta o professor.

PARCERIAS – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha participou na seleção dos pesquisadores dos diversos países e no acompanhamento e intermediação entre os pesquisadores e a Universidade Johns Hopkins, durante toda a pesquisa. O Prof. Giesta informa que, a partir dessa parceria, já foi efetuada a assinatura de um Memorando de Entendimentos entre o CICV e a Universidade Federal do Ceará – Faculdade de Medicina para a realização de nova pesquisa. "Essa nova pesquisa será sobre o impacto da violência armada na assistência à saúde de Fortaleza, que pretendemos iniciar no próximo mês", anuncia.

Além disso, o professor acrescenta que, por meio da parceria com a Universidade Johns Hopkins, está sendo feita a revisão da tradução para o português do livro Basic emergency care, da Organização Mundial da Saúde (OMS), trabalho que já se encontra em fase avançada, com previsão de conclusão até o fim de junho do corrente ano.

Fonte: Prof. Rogério Giesta, coordenador do Núcleo de Urgência e Emergência Pré-Hospitalar (NUEMPH-UFC) e responsável pelo estudo – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.