Memorial da UFC completa 15 anos preservando e tornando viva a história e memória da Universidade

"A cultura histórica tem o objetivo de manter viva a consciência que a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor, de si mesma", disse o pensador e historiador italiano Benedetto Croce (1866-1952). E é bem cumprindo o desafio de resguardar e manter viva a história da Universidade Federal do Ceará que o Memorial da UFC completa 15 anos de criação neste dia 4 de janeiro. Com um acervo de encher olhos, mentes e corações, o Memorial segue evoluindo, incorporando novidades tecnológicas e consolidado como centro de referência em preservação e pesquisa da memória e história da Instituição.

A diretora do Memorial, Gerda de Souza Holanda, informa que diversas atividades estão programadas para marcar a data. Entre elas, o lançamento do selo de 15 anos do Memorial, de autoria da equipe de Design da Coordenadoria de Comunicação e Marketing (UFC Informa). A partir de fevereiro será também veiculada nas mídias sociais do Memorial uma série de entrevistas com pessoas que fazem parte de sua história, além de divulgações diversas ligadas ao aniversário.

Imagem: O Memorial da UFC se consolida como centro de referência em preservação e pesquisa da memória e história da Universidade (Imagem: Design / UFC Informa)


As comemorações seguem ao longo do ano. Estão no programa uma exposição do mobiliário antigo da UFC no salão da Reitoria, prevista para março; o lançamento, com previsão para junho, do primeiro livro da Coleção UFC em Capítulos, intitulado De campo a campus: memória e história da implantação do Memorial do Campus da UFC em Russas, escrito por vários autores e organizado por Gerda e pela bibliotecária da equipe, Gislene Soares Guerra; além da inauguração do Memorial da UFC do Campus de Russas, possivelmente em dezembro de 2022.

Imagem: Uma exposição de mobiliário histórico da UFC, em março, integra a programação de 15 anos do Memorial (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Oficialmente, o Memorial foi criado através da Resolução n° 1 de 4 de janeiro de 2007, assinada pelo então reitor, Prof. Luís Carlos Uchoa Saunders. A história de efetivação do Memorial foi retomada em 2011, na gestão do reitor Jesualdo Pereira Farias, através da criação de um núcleo de trabalho para a implantação do Memorial, através da Portaria n° 729 de 25 de fevereiro de 2011.

Gerda comenta que foi “icônico o papel da administração superior e dos que, na época, estavam preocupados com a guarda e integridade do acervo documental produzido pela Instituição”. Ela destaca a contribuição dos membros do núcleo de trabalho – os professores Ciro Nogueira Filho, Pedro Eymar Barbosa Costa, Sílvia Bomfim Hyppólito, Francisco Jonatan Soares, José Neudson Bandeira Braga e a museóloga Graciele Karine Siqueira –, sob a presidência da Profª Adelaide Maria Gonçalves Pereira.

ACERVO – Com milhares de itens, o acervo do Memorial está organizado em coleções. A Coleção Laboratório Fotográfico da UFC reúne cerca de 26 mil fotos (de 1961 a 1984) com respectivos negativos e mobiliário do antigo setor. A Coleção de Boletins da Universidade do Ceará resguarda o registro de acontecimentos significativos do cotidiano da UFC, sob a perspectiva da administração central, no período de 1956 a 1979, sendo importante fonte para pensar o processo de organização da Instituição.

A terceira coleção é constituída pelo Fundo Reitor Antônio Martins Filho, que engloba acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos do reitor-fundador da UFC. Constam a biblioteca pessoal dele; correspondências recebidas e enviadas; recortes de jornais (de 1955 a 1967); documentos referentes ao processo de criação da UFC, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA); fotografias pessoais e de eventos do período de seu reitorado; documentos e objetos pessoais diversos.

 Outra coleção é a do Mobiliário Histórico da Universidade com peças da década de 1950, quando foi criada a UFC, até a década de 1990. Constam também do acervo do Memorial a Coleção Comunicação, com 4.700 fotografias – feitas entre as décadas de 1970 e 1990 – do Setor de Comunicação da Universidade (que mudou de nome ao longo da história e hoje é Coordenadoria de Comunicação e Marketing), e a Coleção de Clippings, referente a notícias da UFC na imprensa no período de 2007 a 2020.

Imagem: O registro da visita dos pensadores franceses Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ao reitor-fundador Martins Filho está entre os milhares de itens do acervo do Memorial da UFC (Foto: Memorial da UFC)

A diretora Gerda Holanda diz que também estão sob a guarda do Memorial “objetos pessoais de alguns reitores, placas, condecorações, insígnias e honrarias que a Universidade recebeu ao longo do tempo, bem como objetos usados na área administrativa, laboratórios e salas de aula. Temos ainda um considerável acervo bibliográfico, com títulos versando sobre a história institucional, além de objetos museológicos, bibliográficos e arquivísticos que fazem referência a departamentos, unidades e secretarias e que recebemos de forma pontual”.

 ATIVIDADES – Das ações do Memorial nesses 15 anos de existência destacam-se a conservação e o restauro de fotografias, obras bibliográficas, documentos textuais, mobiliários; digitalização de acervos iconográficos, bibliográficos e documentais da UFC; a organização de exposições – como a itinerante sobre os 60 anos de aniversário da UFC –, seminários para servidores recém-ingressos, visitas mediadas à Reitoria e ao complexo histórico do Benfica para a comunidade interna e externa; e o atendimento a pesquisadores e visitantes externos.

Ressaltem-se ainda a criação do Sistema de Gerenciamento de Riscos e Preservação de Acervos da UFC (SIGERPA) e a implantação do SIGERPA em plataforma digital; as publicações sobre a história institucional pelo selo editorial do Memorial; o apoio à criação de espaços de memória institucionais, como o Memorial da Enfermagem e do Direito, o Memorial da UFC no Campus de Russas (a ser inaugurado) e a reestruturação do Memorial da Agronomia. A diretora anuncia ainda a criação do Memorial da Covid-19, atualmente em fase de captação de material, a ser disponibilizado em plataforma virtual.

Ela cita também a realização de programas de inovação pedagógica voltados para a cultura digital, como o aplicativo Tocha, que oferece uma experiência gamificada em relação à história da Universidade. O app é destinado à comunidade interna e externa. Confira mais ações na listagem preparada pelo Memorial. 

DESAFIOS E PLANOS – Gerda Holanda relembra que o Memorial, desde a criação, “tem enfrentado vários desafios relacionados à falta de uma política institucional voltada para a preservação dos registros históricos e para o fomento de pesquisas contínuas sobre a história da UFC”. Ao mesmo tempo, esclarece que demandas são feitas para superar esse quadro, como “a criação de uma política de gestão de acervos para a Universidade, a consolidação de um espaço de guarda de acervos anexo ao Laboratório de Conservação, a consolidação do repositório digital e do espaço expositivo permanente para socialização dos acervos”. Com isso, a busca, acrescenta ela, é a de “criar uma cultura institucional que possa tornar as pesquisas sobre a história e memória da UFC uma atividade fundamental na gestão e vivência da Universidade”.

Imagem: A diretora do Memorial da UFC, Gerda Holanda, e equipe inovam na missão de reunir elementos que contam a história da UFC rumo ao futuro (Foto: Acervo do Memorial da UFC)

Para 2022, o Memorial está cheio de planos. Entre tantos, a diretora anuncia a criação do Programa de História Oral do Memorial da UFC; a continuação do programa editorial UFC em Capítulos; o desenvolvimento do Programa de Inovação Tecnológica para Educação Patrimonial: App Tocha; e a disponibilização do Catálogo de Acervos Bibliográficos sobre a UFC e da Plataforma sobre o Memorial da Covid-19.

ABERTURA PARA A COMUNIDADE – Na tarefa de reunir elementos que contam a história da UFC rumo ao futuro, Gerda considera que “o apoio da comunidade interna e externa é de suma importância para o Memorial no sentido de colaborar com informações que possam ajudar a identificar fatos ocorridos no passado e a construir coletivamente a memória dos fatos mais recentes que impactam o cotidiano da Instituição”.

Num caminho de duas vias, as comunidades interna e externa, ao mesmo tempo que podem contribuir para o enriquecimento do Memorial, também são os públicos a ser beneficiados por esse relevante espaço de cultura, história e memória da UFC. “O Memorial possui canais de comunicação digitais, como site
(www.memorial.ufc.br), perfil no Instagram (@memorialdaufc), canal no YouTube, e-mail (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.), sempre disponíveis para atender toda a comunidade, além de possibilitar o acesso direto ao acervo do Memorial mediante agendamento prévio”, informa Gerda Holanda. Outro espaço digital importante, pelo qual a comunidade pode ter acesso ao acervo do Memorial, é o Repositório Institucional

Ao público que necessitar fazer pesquisas ou obter informações no Memorial, ela explica que a solicitação pode ser feita preenchendo o formulário disponível no site.

 Imagem: Na foto, parte da atuante equipe que mantém o Memorial da UFC funcionando e servindo à comunidade (Foto: Acervo do Memorial)

EQUIPE DEDICADA – Para manter o Memorial funcionando, a equipe liderada por Gerda Holanda é composta pelos seguintes servidores: Arlindo Moreira Barreto, motorista e apoio técnico; Éden dos Santos Barbosa, fotógrafo; Gislene Soares Guerra, bibliotecária; Gregory Campos Beviláqua, técnico em tecnologia da informação; Marcela Gonçalves Teixeira e Mônica Maria Gonçalves Mesquita, arquivistas; Maria Josiane Vieira, museóloga; Rafael de Farias Vieira, historiador; Roberto Moreira Chaves, técnico do Laboratório de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis; e Maria Rejane Mendonça Gomes e Maria de Fátima de Almeida Bessa, assistentes em administração.

Em homenagem aos 15 anos do Memorial e à equipe, o cordelista Paulo de Tarso, conhecido como o Poeta de Tauá, dedicou a eles um poema.

Confira os versos em áudio divulgado também na Rádio Universitária

Fonte: Gerda de Souza Holanda, diretora do Memorial – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.