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UFC representa o Brasil em consórcio internacional de pesquisa sobre impactos de microplásticos

Diminutos no tamanho, mas representando um enorme desafio ao meio ambiente, os microplásticos – partículas sólidas baseadas em polímeros com comprimento menor que 5 milímetros – são atualmente um dos maiores poluentes em rios e oceanos. Com o objetivo de coletar dados acerca do impacto desses fragmentos de plásticos sobre ecossistemas de regiões tropicais e temperadas, um consórcio de instituições de pesquisa reuniu-se para integrar o projeto internacional I-plastics. A Universidade Federal do Ceará representa o Brasil na iniciativa, que conta com instituições de ensino superior da Itália, da Espanha e de Portugal.

Imagem: Coleta de peixes para análise de microplásticos

Nos dias 18 e 19 deste mês, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da UFC estiveram com estudiosos da Itália, Espanha, França, Portugal e Estados Unidos para discutir os primeiros resultados após um ano e meio do I-plastics. Ao longo desse período, a equipe já publicou oito artigos internacionais e tem desenvolvido ações de divulgação científica a fim de alertar para a problemática socioambiental dos microplásticos e a necessidade de redução imediata da produção e do descarte inadequado desses materiais.

Estima-se que o mar hoje possua 5 trilhões de pedaços de plásticos, contaminantes cada vez mais comuns em todas as regiões do mundo. Estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o ser humano consome entre 74 e 121 mil partículas de microplásticos por ano, principalmente no açúcar, sal, água e bebidas engarrafadas, além de outras vias. No ano de 2020, foi detectada, pela primeira vez na história, a presença de microplásticos na placenta humana.

“Os microplásticos entram em rios e no oceano de uma variedade de fontes, incluindo, mas não se limitando, a cosméticos, roupas, estações de tratamento de esgoto, pneus, cidades e processos industriais”, explica o Prof. Marcelo Soares, do LABOMAR. Detalha ainda o pesquisador que os microplásticos podem ser primários, como microfibras de roupas e microesferas usadas em cosméticos, ou secundários, criados a partir da degradação de plásticos maiores, por meio do desgaste por ação do tempo e de agentes como água, sol e luz.

“Essas fontes de microplásticos secundários incluem garrafas de água e refrigerante, redes de pesca e sacos plásticos que, ao longo do tempo, geram pequenas partículas plásticas. Os plásticos degradam-se muito lentamente, ao longo de centenas, senão milhares de anos. Devido a esse fato, os microplásticos podem ser ingeridos, incorporados e acumulados nos corpos e tecidos de muitos organismos, como peixes, moluscos, aves e, inclusive, seres humanos, comenta.

Coleta de animais nos mangues para análise de microplásticos

AÇÕES – Como parte das ações do projeto estão sendo comparados os níveis de microplásticos na água, solo e animais de três importantes rios: no Ceará, os estudos são feitos no estuário do rio Cocó (Fortaleza); em Portugal, no estuário do rio Mondego; enquanto na Espanha, os estudos são realizados no delta do rio Ebro, na região da Catalunha.

Além de coletas em água e solo, a equipe do LABOMAR está analisando os níveis e tipos de microplásticos em animais como moluscos e peixes, que fazem parte, inclusive, da alimentação humana.

Atualmente, o I-plastics atua em cinco eixos: mapeamento e monitoramento de microplásticos em rios e mar; efeitos na vida marinha; mecanismos de degradação de microplásticos; caracterização de nanoplásticos; e modelagem para entender a dispersão de microplásticos nos rios e mares.

“A quantidade, dispersão e tipos de microplásticos ainda não são totalmente conhecidos, assim como os efeitos que causam no meio ambiente, na saúde humana e na economia. Por isso, a necessidade de projetos internacionais como o I-plastics, do qual a UFC participa”, avalia o Prof. Marcelo Soares.

INTEGRANTES – Previsto para conclusão em 2023, o I-plastics tem financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, de Portugal; da Agencia Estatal de Investigación, da Espanha; do Ministero dell’Università e della Ricerca, da Itália; e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), do Ceará, no âmbito do consórcio internacional JPI Oceans.

Além da UFC, integram o consórcio a Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Hidrográfico de Portugal, a Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha) e a Universidade de Salento (Itália).

Pelo LABOMAR, participam da pesquisa os docentes Marcelo de Oliveira Soares, Rivelino Martins Cavalcante, Carlos Eduardo Peres Teixeira, Caroline Vieira Feitosa, Michael Viana e Emanuelle Rabelo; as pesquisadoras Bárbara Paiva e Tatiane Martins Garcia, bem como os doutorandos Oscar Duarte e Francisco Rafael, os mestrandos Ravena Santiago e Yasmin Barros e estudantes de iniciação científica.

Mais detalhes podem ser vistos no site do projeto.

Fonte: Prof. Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Endereço

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