Comitiva da Reitoria visita laboratório e conhece projeto para geração de energia a partir do tratamento de esgoto

Uma comitiva da Reitoria da Universidade Federal do Ceará visitou, na manhã de segunda-feira (16), as instalações do Laboratório de Combustão e Energias Renováveis (LACER), localizado no Campus do Pici Prof. Prisco Bezerra, em Fortaleza. No local, são desenvolvidos estudos do projeto Conversão de águas residuárias em biogás e lodo em estação de tratamento de esgoto para geração de energia ambientalmente sustentável. O objetivo é captar o biogás (composto principalmente por metano), hoje lançado na atmosfera durante o tratamento de efluentes, e utilizá-lo na geração de energia. O trabalho é feito em parceria com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

Imagem: Equipe do Laboratório de Combustão e Energias Renováveis (LACER), no Pici, apresenta laboratório e detalhes de novo projeto para comitiva da Reitoria. (Foto: Ribamar Neto/UFC Informa)

Além de energia elétrica, o protótipo também vai gerar outros subprodutos para comercialização, como gás carbônico (CO2) e areia, oriunda do processamento de águas residuárias (esgoto) pelo reator biológico anaeróbio (biodigestor) da estação de tratamento. 

A usina-modelo do projeto, que será instalada na estação de tratamento de esgoto localizada próximo ao Residencial Alameda das Palmeiras, no bairro Pedras, em Fortaleza, tem a expectativa de produzir, no mínimo, 30 megawatts-hora por ano. A estimativa da equipe do projeto é de que essa instalação seja finalizada até junho de 2023

INOVAÇÃO – Durante a visita, além de detalhes do projeto, foram apresentados o plano de negócios e as metas para os primeiros anos de operação. O reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque, destacou o potencial de inovação desse trabalho. "A Universidade tem que apresentar essas soluções. Fiquei encantado com o projeto", afirmou. O reitor chamou a atenção para o potencial ambiental da iniciativa, por reaproveitar diversos resíduos do tratamento de esgoto.

Cândido Albuquerque também ressaltou a possibilidade de o projeto gerar novas patentes para a UFC, que se somariam às 27 já concedidas à Instituição. Além disso, haverá o diálogo com diferentes setores industriais. "É um projeto em que os setores produtivos estarão caminhando passo a passo com a Universidade. Isso é fundamental, porque nós vamos ter apoio financeiro para pesquisa, nós vamos qualificar nossos alunos e preparar melhor nossos professores e técnicos. Então é um projeto realmente muito interessante e atual", avaliou. 

O coordenador da pesquisa pela UFC, Prof. William Barcellos, explicou que a estrutura da usina será feita de forma modular, com uso de contêineres, o que permitirá a instalação de todas as partes em poucos dias. "Esse é o primeiro protótipo do País, que pode gerar patentes de invenção ou de modelo", informou. Ele comentou ainda que a UFC deverá receber um percentual da venda desses produtos, em razão da propriedade intelectual.

Em primeiro plano, o coordenador do projeto, Prof. William Barcellos, que detalhou como será a usina-modelo da iniciativa. (Foto: Ribamar Neto/ UFC Informa)

De acordo com William Barcellos, a ideia é que se faça um trabalho articulado com diferentes indústrias na montagem da usina, já que cada parte dela vai demandar um conhecimento específico, como instalação de sistemas de purificação de gases, de secagem de lodo e de areia, assim como fabricação de caldeiras de leito fluidizado e de motogeradores. Dessa forma, o objetivo também é estimular o arranjo produtivo local, com empresas cearenses desenvolvendo a tecnologia que será utilizada na usina.

A CAGECE fará um aporte suplementar de R$ 2 milhões na pesquisa ao contrato assinado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), totalizando quase R$ 3 milhões em investimento pela companhia cearense. "O projeto tem essa importância de converter algo que aparentemente é um passivo ambiental em um ativo energético", comentou o superintendente de Sustentabilidade da companhia, Ronner Braga Gondim. 

Além disso, o projeto contribui com as normas federal e estadual do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, evitando que parte do material oriundo do tratamento de esgoto seja direcionado a aterros sanitários. Ele explicou que, com a instalação da usina-modelo, vai ser possível mensurar resultados e ter uma ideia dos ganhos financeiros que o projeto poderá gerar.

Também estiveram presentes no encontro o vice-reitor da UFC, Prof. Glauco Lobo, e os pró-reitores de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional (PROINTER), Prof. Augusto Teixeira de Albuquerque, e de Gestão de Pessoas (PROGEP), Prof. Marcus Vinícius Veras Machado.

Compareceram ainda o vice-coordenador do projeto pela UFC, Prof. Francisco Nivaldo Aguiar Freire; o gerente de projeto Thiago Martins Dantas; a gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da CAGECE, Cailiny Darley Medeiros, além de representantes de outros setores do órgão estadual e da Fundação de Apoio a Serviços Técnicos, Ensino e Fomento a Pesquisas (Fundação ASTEF). 

Fonte: Prof. William Barcellos, coordenador da pesquisa pela UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.