Salão Dourado da Reitoria passa por restauro e Memorial da UFC agenda visitas guiadas à reforma

Espaço significativo para a história, cultura e patrimônio cearenses, por onde passaram visitantes ilustres, o Salão Dourado da Reitoria da Universidade Federal do Ceará está em processo de conservação e restauro. Itens do mobiliário, como cadeiras, mesas, além de lustre, espelho e piso recebem intervenções para recuperação e preservação das características originais desde dezembro passado. Os trabalhos de supervisão e coordenação estão a cargo de equipe do Memorial da UFC e a execução é de uma empresa contratada por meio de licitação pública.

A previsão de reabertura oficial do Salão Dourado é para o fim deste semestre, dentro das comemorações de 68 anos de instalação da UFC. Mas, como parte das ações educativas do Memorial da UFC e com a proposta de a obra ser um canteiro aberto, a partir desta segunda-feira (16), grupos de estudantes, professores e interessados da comunidade interna e externa, especialmente de áreas como história, arquitetura, patrimônio e restauração, podem agendar visita ao local pelo telefone (85) 3366 7414. É uma maneira de fazer o público conhecer como são feitos trabalhos de restauração. “As visitas serão mediadas por profissionais do Memorial”, informa Érica Pinho, produtora cultural do setor. 

Imagem: na foto, cinco pessoas estão em um salão observando as pernas de uma cadeira dourada que está sobre uma mesa. Todos usam máscaras e um jovem sentado limpa o objeto com um pincel

A diretora do Memorial da UFC, Gerda Holanda, considera o trabalho de restauro do Salão Dourado a concretização de um sonho que envolve desafios como identificação das peças e diagnóstico das condições de cada uma delas; além da busca por recursos, que estão sendo obtidos do orçamento próprio da UFC.

Para Gerda, a restauração e preservação do Salão Dourado têm importância tanto pelo resgate da história já vivida como para a história atual. O local faz parte da memória da UFC e, por extensão, da própria sociedade cearense. A relevância da restauração do espaço é reconhecida pela Administração Superior.

O vice-reitor da UFC, Prof. Glauco Lobo, afirma que logo no início da atual gestão, ao ver o salão sempre fechado, pediu para abrir o local e verificar o espaço. “Nós entramos e a sala estava como um depósito de vários objetos, além daqueles do salão. Diante desse quadro, solicitamos ao Memorial que fizesse um levantamento e abrimos um processo para a reestruturação do Salão Dourado”, relata ele, medida que contou com o imediato apoio do reitor Cândido Albuquerque.

Veja outras imagens do restauro do Salão Dourado no Flickr da UFC

FOLHAS DE OURO – Com mais de 60 anos de história, o espaço é denominado Salão Dourado em referência a uma característica de seu mobiliário, em parte revestido por folhas de ouro, resultando em um douramento das peças. Os arquivos fotográficos do Memorial da UFC revelam o uso do espaço pelos primeiros reitores da Instituição, para recepcionar visitantes como intelectuais, escritores, artistas, embaixadores e presidentes.

A autoria do projeto de restauro é de Roberto Moreira Chaves, técnico de laboratório de conservação e restauro de bens culturais móveis do Memorial da UFC. A partir da observação de fotografias e documentações da metade do século passado foi possível constatar, informa ele, que os móveis pertencentes ao salão foram sofrendo intervenções sem seguir procedimentos de conservação e restauro.

Imagem: foto em preto e branco de três homens sentados em sofás e poltronas em um salão. Pelas características da foto, é possível notar que ela é antiga

Roberto Chaves detalha que estão sendo restaurados um espelho de cristal com moldura recoberta de folhas de ouro; quatro conjuntos de estofados (o maior com elementos dourados, que levam também folhas de ouro); conjuntos de três mesas e dois aparadores fixos; e um lustre de cristal. Além disso, será feita intervenção no piso, originalmente em madeira, mas que foi recoberto por um carpete azul. As portas também passarão por restauro, especialmente nos elementos metálicos.

Do projeto também consta a ideia de fazer “janelas de prospecção” (áreas da parede que ficam expostas de modo a permitir a observação das diversas camadas de pintura executadas na obra restaurada). O objetivo é identificar possíveis pinturas parietais, pinturas decorativas que poderiam existir nas paredes originais, explica Roberto.

Ele considera importante o trabalho atual de restauro e conservação de bens móveis da Universidade porque antes peças de mobiliário, por exemplo, se perdiam com o desgaste do tempo ou eram levadas à divisão de patrimônio para serem leiloadas.

Embora a execução dos trabalhos seja de uma empresa contratada – a CAL Restauro –, o Memorial faz todo o acompanhamento para que os procedimentos ocorram conforme os padrões estabelecidos pela UFC na área de conservação.

FASES – O desafiante e criterioso trabalho do Memorial para restaurar e preservar o Salão Dourado passou por diversas fases. Antes do serviço que está sendo feito, em 2015 o Memorial começou o diagnóstico da situação do espaço e das peças localizadas ali. As atividades tiveram uma pausa e, em 2018, após diagnóstico e elaboração do projeto de restauro, as primeiras intervenções foram iniciadas, com a separação de peças que originalmente pertenciam ao gabinete do reitor e não ao espaço do Salão Dourado. Somente em dezembro do ano passado foi possível a retomada efetiva dos trabalhos naquele espaço.

“Parte do mobiliário [do Salão Dourado e o que foi devolvido ao Gabinete do Reitor] é remanescente do imóvel pertencente à família Gentil, adquirido pela Universidade no fim da década de 1950. São móveis que contam não apenas a história da UFC, mas também do bairro do Benfica e da ocupação urbana de Fortaleza”, explica Roberto Chaves. Entre as peças que retornaram para o Gabinete do Reitor, estão uma mesa de jantar que passou a ser usada como mesa de reunião, aparador móvel com tampo de mármore de lioz, além de cadeiras.

Fonte: Memorial da UFC – fone: (85) 3366 7414