Projetos da Engenharia Metalúrgica e de Materiais avaliam trilhos utilizados na ferrovia Transnordestina

Maior obra linear em execução no Brasil, a ferrovia Transnordestina conta com a parceria da Universidade Federal do Ceará em estudos que avaliam os trilhos usados na linha férrea. As análises são desenvolvidas no Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEMM) com o objetivo de verificar se os trilhos utilizados cumprem os requisitos normativos, além de avaliar a qualidade das soldas em seus processos de solda elétrica e solda aluminotérmica.

A ideia, de acordo com Mauro Cerra Florez, docente do DEMM e coordenador das pesquisas, é “evitar possíveis futuros problemas no desempenho do trilho, devido a modificações microestruturais que irão fragilizar o aço”. A parceria, que começou no ano passado, abrange ensino, pesquisa e extensão, com a realização de investigações e trabalhos acadêmicos na área de caracterização e avaliação de propriedades mecânicas dos trilhos utilizados na construção da linha férrea.

Imagem: foto de jovens fazendo análises de um trilho em um laboratório

As análises envolvem pesquisadores dos Laboratórios de Ensaios Mecânicos (LEM), de Caracterização de Materiais (LACAM) e de Pesquisa em Corrosão (LPC). Atualmente, cinco estudantes de graduação estão desenvolvendo trabalhos de conclusão de curso sobre o assunto e deverão apresentá-los ainda neste ano.

O Prof. Mauro Florez explica que os trilhos utilizados para a construção da ferrovia são de aço Vignole tipo UIC60, cujas dimensões e características são especificadas pelas normas da American Railway Engineering and Maintenance-of-Way Association (AREMA) e da International Union of Railways (UIC). “Como esses trilhos são importados de vários fabricantes, é preciso realizar testes de acordo com a diretriz da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para verificar se os produtos adquiridos seguem os requisitos estabelecidos pelas normas vigentes”, aponta.

Os pesquisadores do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFC realizam três tipos de ensaios com os trilhos: os ensaios de caracterização microestrutural, em que são analisadas a metalografia e a difração de raios x (análise de fases, análise química etc.); os ensaios mecânicos, quando os pesquisadores observam aspectos como tração, flexão estática e dureza; e os ensaios não destrutivos, nos quais são observadas as tensões residuais.

Imagem: cinco jovens posam para foto

Outros aspectos realizados são as análises das propriedades elásticas dos trilhos e os estudos de análise química, de fases e de tensões residuais no metal de solda e na zona termicamente afetada do material durante o processo de soldagem aluminotérmica e o de soldagem elétrica nos trilhos. “Esse estudo permitirá verificar se os métodos de soldagem são adequados e poder prevenir a fragilização do trilho antes do tempo ideal de uso”, exemplifica.

Para Edison Coelho, diretor de Planejamento e Engenharia da Transnordestina Logística S.A. (TSLA), empresa responsável pelo empreendimento, as pesquisas desenvolvidas com a Universidade geram um benefício tanto para a qualidade da obra como para os próprios estudantes. "A parceria com o DEMM/UFC proporciona à TLSA um intercâmbio técnico-científico de informações que agrega exatidão a nossos processos, sejam eles análises mecânicas ou microestruturais, além de desafiar os alunos de iniciação científica no crescimento acadêmico”, aponta.

SAIBA MAIS – Construída pela Transnordestina Logística S.A. (TLSA), empresa da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e pelo Governo Federal, a ferrovia Transnordestina tem o objetivo de promover a integração nacional e incentivar a produção do Nordeste com o escoamento de produtos da região. Com 1.206 quilômetros de extensão, a linha férrea conectará 53 municípios, partindo de Eliseu Martins, no Piauí, em direção ao porto do Pecém, no Ceará, passando por Salgueiro, em Pernambuco.

Fontes: Prof. Mauro Cerra Florez, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Adriana Costa, assessora de comunicação da TLSA – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.