UFC promove formação de agentes alfabetizadores em Educação de Jovens e Adultos

Teve início na tarde de segunda-feira (19), no Auditório Paulo Freire, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED - UFC), a formação dos agentes alfabetizadores em Educação de Jovens e Adultos (EJA). A realização é da FACED, como parte do Programa Ações Curriculares em Comunidades de Saberes (ACCS), da Pró-Reitoria de Extensão (PREX), e tem como objetivo capacitar estudantes de cursos de licenciatura da UFC para o desenvolvimento de grupos de alfabetização de jovens e adultos em comunidades de Fortaleza

Imagem: Grupo de pessoas em pé no auditório posa para foto

Como explica Aline Viana, titular da Coordenadoria de Ações Curriculares de Extensão (CACE/PREX), a ação foi pensada a partir de demandas da sociedade. “Essa provocação partiu do projeto Ceará Sem Fome, que identificou que havia muitas mulheres ainda não alfabetizadas nas cozinhas do programa. Então os nossos discentes vão ser certificados e, posteriormente, vamos fazer o processo realmente de prática desses alunos formados aqui no curso. A ideia é mapear os territórios onde os alunos moram e identificar pessoas não alfabetizadas, para ter essa relação dos formandos com a própria comunidade”, detalha. 

No total, 40 alunos da UFC irão participar do curso que contará com oito encontros presenciais na FACED, somando uma carga horária de 40 horas. O corpo docente da formação é composto pelos professores Cristina Mandau, Mazé Barbosa e Ronaldo Almeida. Segundo o professor Ronaldo Almeida, que coordena a iniciativa, toda a metodologia do curso foi pensada de acordo com o modelo de pedagogia de Paulo Freire. 

“A gente parte de uma perspectiva freiriana, trazendo muito forte o diálogo, dentro dessa ideia de considerar a cultura dos estudantes. Vamos trazer também algumas experiências práticas para socializar com eles. A gente está tentando, inclusive, parcerias com a Prefeitura de Fortaleza, para a abertura de turmas de alfabetização nos CUCAs (Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte)”, afirma o coordenador. 

Além dos cursistas e docentes da formação, estiveram presentes no evento a diretora da Faculdade de Educação, professora Heulália Rafante e a pró-reitora de extensão, professora Bernadete Porto. Na ocasião, a pró-reitora destacou a relevância do Programa ACCS como estratégico para a elaboração de ações de impacto social em questões emergenciais, a exemplo do analfabetismo. 

“Como instituição e como educadores não podemos deixar de pautar essa temática tão grave, que é a de tantas pessoas não terem tido o mínimo acesso à educação. É impossível a gente continuar deixando essa invisibilidade. Precisamos cuidar do analfabetismo em atendimento ao direito que essas pessoas têm de acessarem a cultura letrada e o conhecimento sistematizado”, avalia a pró-reitora. 

VIVÊNCIAS - Atualmente cursando o oitavo semestre de Pedagogia da UFC, Mariana Ramalho é uma das estudantes inscritas na formação. Segundo ela, a motivação para participar do projeto veio de memórias de sua vivência familiar e do bairro onde mora. “Tenho uma avó que só terminou o ensino fundamental e ela tinha uma prima que não era alfabetizada. Lembro que a minha avó sempre gostava de romances e essa prima dela só olhava as capas. No meu bairro, Passaré, de vez em quando tem umas senhoras que a gente nota que, quando elas vão pegar ônibus, elas não sabem ler e ficam perguntando que ônibus que é”, relata. 

Imagem: Mulher usando blusa vermelha posa para foto

De acordo com Mariana, levar iniciativas de alfabetização para as comunidades tanto possibilita que essas pessoas possam ser mais funcionais em seus cotidianos, como abre portas para o consumo de artes e literatura. “Eu gosto muito da alfabetização; o ser humano precisa disso. Ferreira Goulart, dizia: ‘A arte existe porque a vida não basta’. Então, você tem que dar acesso a todo mundo para a arte e para a leitura”, conclui. 

Fonte: Faculdade de Educação - fone: (85) 3366 7663