UFC aprova duas propostas em chamada pública do programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT)

A Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou duas propostas em chamada pública do programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). Por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o governo federal disponibilizará R$ 1,5 bilhão em recursos orçamentários para pesquisas nacionais de alto impacto científico e tecnológico. Desse investimento, a UFC deve receber mais de R$ 26 milhões.

O resultado final da Chamada INCT 46/2024 foi divulgado no dia 30 de junho. Dos 143 projetos aprovados, 26 são coordenados por mulheres. Na região Nordeste, das 24 propostas aprovadas, apenas quatro são lideradas por pesquisadoras (Ceará, Piauí, Paraíba e Pernambuco).

Imagem: pesquisadora em laboratório observa lâmina com microscópio

O projeto INCT T-Bio2: Biodescoberta Translacional e Biomodelos, coordenado pela professora Cláudia do Ó Pessoa (UFC), é um dos contemplados. Cláudia é pesquisadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC. Em parceria com a professora Maria Lucia Zaidan Dagli, da Universidade de São Paulo (USP), o projeto visa estabelecer uma plataforma pré-clínica inovadora, integrando ciência de ponta e colaboração internacional para acelerar o desenvolvimento de terapias mais eficazes e personalizadas no combate ao câncer.

A coordenadora afirma que o INCT T-Bio2 irá posicionar a pesquisa da UFC na vanguarda da inovação em saúde no país. “Nosso objetivo é impulsionar o desenvolvimento de novos insumos farmacêuticos ativos (IFAs), conectando a produção científica ao setor produtivo da indústria farmacêutica nacional. Assim como valorizar a biodiversidade brasileira como fonte incontestável de novas moléculas promissoras para a saúde”, explica Cláudia.

O INCT T-Bio2 propõe o desenvolvimento de biomodelos oncológicos, incluindo Oncopigs geneticamente editados, para a avaliação de fármacos e biofármacos anticâncer, com foco na promoção da medicina de precisão. A iniciativa integra tecnologias de ponta, edição genética, cultura celular 3D, tumoroides, além da aplicação da oncologia veterinária e comparada, com ênfase no estudo de neoplasias espontâneas em cães.

Com foco em relevância científica e abrangência multidisciplinar, a proposta da UFC reúne 64 pesquisadores de áreas complementares, provenientes de 14 instituições nacionais. O projeto contará com a colaboração de oito instituições internacionais, oriundas de países como EUA, China, Uruguai, Suíça, Portugal e Irlanda, além de contar com a parceria do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Essa conquista representa um marco importante na trajetória das pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Oncologia Experimental (LOE) da UFC, fruto do esforço coletivo de nossos pesquisadores, estudantes, servidores e colaboradores. É uma vitória compartilhada, que reafirma nosso compromisso com uma ciência de excelência, inovadora e voltada para gerar impacto real na sociedade”, celebra a pesquisadora.

A segunda iniciativa da UFC contemplada é o projeto Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biotecnologia Marinha (INCT BioMar). Sob coordenação do professor Alexandre Holanda Sampaio, do Departamento de Engenharia de Pesca da UFC, tem o objetivo de explorar a biodiversidade marinha brasileira de forma sustentável, buscando identificar, isolar e estudar biomoléculas com potencial biotecnológico para o desenvolvimento de novas terapias e produtos em biotecnologia e ciências biomédicas.

“A proposta do INCT BioMar é transformar a riqueza dos nossos mares em conhecimento, biotecnologia e saúde, sempre com responsabilidade ambiental, ética científica e compromisso com o desenvolvimento sustentável. Nosso foco inclui aplicações contra infecções bacterianas resistentes, câncer, diabetes, doenças negligenciadas, como a leishmaniose, e no desenvolvimento de curativos inteligentes”, explica Alexandre.

Segundo o coordenador do projeto, o recurso permitirá a consolidação do INCT BioMar como centro de excelência em biotecnologia marinha. Alexandre destaca que o valor será destinado ao fortalecimento da infraestrutura dos laboratórios participantes, bem como à formação de recursos humanos qualificados, com custeio de bolsas de iniciação científica, além de apoio a missões científicas dentro e fora do país.

“Estar entre os selecionados e representar a UFC em uma lista tão qualificada é uma grande conquista. É um reconhecimento da competência do Laboratório de Biotecnologia Marinha (BioMar Lab), que já desponta com evidências nacionais e internacionais pela produção científica. Somos um dos grupos mais relevantes mundialmente na área de pesquisa em lectinas de algas e invertebrados marinhos”, ressalta o coordenador.

O projeto também deve investir em ações de divulgação científica e educação ambiental, com a realização de eventos abertos à comunidade, visitas a escolas, oficinas e produção de materiais educativos. O objetivo é levar o conhecimento sobre a biodiversidade marinha de forma acessível, conscientizando a população sobre sua importância e sobre o uso sustentável desses recursos.

“A aprovação do INCT BioMar nos motiva a implementar um instituto robusto, ativo e relevante, capaz de mostrar para a sociedade e para a comunidade científica o valor da biodiversidade marinha brasileira e o imenso potencial dos nossos mares para a saúde, a ciência e a inovação. Estamos comprometidos em fazer desse projeto um marco, tanto para a UFC quanto para o avanço da biotecnologia marinha no Brasil”, comemora Alexandre.

SAIBA MAIS - O programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outras instituições. Criado em 2008, o programa fomenta a criação de redes de pesquisa em temas estratégicos, promovendo a cooperação internacional.

A chamada pública visa apoiar a criação e manutenção de novos INCTs no Brasil, com o objetivo de fortalecer a pesquisa nacional e impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Com investimento de R$ 1,5 bilhão, a Chamada INCT 46/2024 apresenta o maior valor já destinado ao programa.

Fontes: Cláudia do Ó Pessoa, coordenadora do INCT T-Bio2 - e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Alexandre Holanda Sampaio, coordenador do INCT BioMar