- Quarta, 30 Julho 2025 07:55
- Escrito por UFC Informa
Baixo componente de ascendência asiática ou africana pode influenciar risco de desenvolvimento de câncer colorretal. Essa foi a conclusão do maior estudo já realizado no Brasil para a compreensão dos fatores que influenciam o surgimento da doença. A pesquisa foi destaque na edição de junho do JCO Global Oncology, periódico da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, e analisou cerca de dois mil voluntários de diferentes estados brasileiros, entre os anos de 2001 a 2020.
Assinam como autores principais os cientistas Howard Ribeiro Lopes Junior, servidor técnico-administrativo do Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC); Ana Carolina de Carvalho e Ana Carolina Laus, do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo, e Rui Manuel Reis, diretor do CPOM e professor da Universidade do Minho, em Portugal.
Ao contrário da literatura médica atual da área, que leva em consideração perfis genéticos com menor combinação étnica, o trabalho destaca-se por tomar como elemento de análise a ancestralidade de uma população amplamente miscigenada, como é o caso da brasileira.
“Como a população brasileira é uma das mais miscigenadas do mundo, era fundamental investigar essa relação. Nossa análise de ancestralidade genética revelou que o risco de câncer colorretal está, de fato, ligado à origem étnica. Esse achado é crucial, pois a maioria dos estudos genéticos se concentra em populações de origem puramente europeia ou asiática, e nossos resultados mostram que o perfil de risco genético na nossa população tem particularidades que precisam ser consideradas”, comenta o pesquisador Howard Lopes.
Para o estudo foi considerada uma amostra de 906 pacientes com diagnóstico de câncer colorretal e outras 906 pessoas que foram consideradas como grupo de controle, ou seja, não possuíam a enfermidade. A fim de que a comparação fosse a mais precisa possível, os grupos foram pareados por gênero e idade, e outros critérios importantes elencados pelos pesquisadores foram a exclusão de pessoas que tinham um histórico familiar de câncer colorretal hereditário, e a análise de voluntários de diferentes estados do Brasil. "Isso garante que nossos achados refletem a diversidade genética e geográfica do nosso país, e não apenas de uma única região", salienta o estudioso.
A equipe observou que indivíduos com uma menor proporção de ancestralidade genética asiática tinham risco 48% maior de desenvolver câncer colorretal. Já aqueles que possuíam menor contribuição africana apresentaram 22% mais chances de serem acometidos pela enfermidade. Em contrapartida, foi detectado um efeito protetor associado à ancestralidade ameríndia intermediária. Saiba mais sobre a pesquisa em reportagem da Agência UFC, veículo de divulgação científica da universidade.
Fonte: Howard Ribeiro Lopes Junior, servidor técnico-administrativo do Departamento de Morfologia da UFC - e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.