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Uso e abuso de drogas é tema de seminário da Semana do Servidor 2013

Imagem: A Profª Cléa Florenço falou sobre a ação das drogas no cérebro humanoCerca de 70 pessoas – entre estudantes, servidores técnico-administrativos, docentes e demais interessados – compareceram ao primeiro dia do II Seminário de Prevenção e Enfrentamento ao Uso/Abuso de Drogas: Saberes e Experiências, na tarde desta segunda-feira (21), no auditório da Reitoria da UFC. O evento, que integra a programação da Semana do Servidor Público Federal de 2013, foi aberto com apresentação do coral Vozes do Sintufce, do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará.

Logo depois, a médica psiquiatra Lisiane Cysne falou sobre o "uso de drogas na sociedade contemporânea". "Não se pode falar de drogas sem estudar a sociedade que a produz", disse a palestrante, lembrando que a tecnologia alcançada pelo homem também produziu mudanças no modo de produzir, adquirir e consumir entorpecentes. "A cada dia, surgem drogas mais fortes e a Internet facilita sua aquisição. E há países, como a Holanda, com legislação mais permissiva para o consumo de determinadas substâncias".

Para a médica psiquiatra, o paternalismo político, as leis e a dinâmica do preconceito são tópicos-base para pensar o problema das drogas. "A dependência às drogas é uma patologia, é a doença de ingerir drogas, que tem dimensão psicossocial, tem relação com transtornos mentais (comorbidade) e o tratamento precisa ir além da bioquímica cerebral". Ela lembrou que muitos dependentes químicos precisam ser reinseridos na sociedade quando estão em tratamento, e com muito cuidado, pois não encontram ambientes propícios para a cura nesse momento decisivo da recuperação.

Imagem: A médica psiquiatra Lisiane Cysne falou sobre o uso de drogas na sociedade contemporâneaAo comentar pesquisas que mostram o envolvimento de estudantes universitários com diversos tipos de droga, Lisiane Cysne citou algumas causas para o início do uso: pressão do grupo social a que pertence, exemplos de pessoas mais velhas e angústias diversas. E atentou para o uso de tranquilizantes e ansiolíticos entre os universitários, em curva ascendente.

Ao falar das drogas lícitas, como álcool e o tabaco, a médica psiquiatra recordou que "elegemos nossos venenos conforme nossa tradição; as atitudes sociais determinam as drogas admissíveis e atribuem qualidades éticas aos produtos químicos". Antes de encerrar sua palestra, Lisiane provocou a plateia a pensar. Para "resolver" o atual problema das drogas, o que seria mais correto e decisivo: termos uma sociedade totalmente sem drogas, inclusive sem as lícitas, ou uma sociedade aberta, onde todas as drogas – sem exceção – teriam mercado livre?

Dando continuidade ao Seminário, a Profª Cléa Florenço palestrou, em seguida, sobre a ação das drogas no cérebro humano, explicando de que forma neurotransmissores – como a dopamina e a serotonina – atuam no sistema nervoso central. A professora, que coordena o Laboratório de Farmacologia, da Faculdade de Medicina da UFC, apresentou a seguinte classificação das drogas: 1) excitantes, como a cocaína, o crack e as anfetaminas, a exemplo de alguns remédios para emagrecer; 2) depressivas, como o álcool e os barbitúricos; e 3) alucinógenas, que perturbam e desequilibram o sistema nervoso central, como a maconha e o LSD. Cléa Florenço também alertou sobre drogas mais baratas e mais tóxicas, como o oxi, que contém mistura de querosene e cal virgem, e a merla, que tem na sua composição ácido sulfúrico, querosene, cal virgem e até gasolina.

Imagem: O coral Vozes do Sintufce abriu o II Seminário de Prevenção e Enfrentamento ao Uso/Abuso de DrogasA Profª Cléa Florenço lembrou que o uso e a dependência de drogas também estão relacionados a certas condições de vida de determinados grupos, como os boias-frias que trabalham em canaviais do interior de São Paulo, que chegam a usar o crack para aguentar uma jornada diária de 10 horas de trabalho, sob calor intenso.

Cléa Florenço mostrou ainda dados sobre o problema da dependência química na cidade de Fortaleza, que extrapola a questão da dependência e chega à violência urbana, pelo tráfico de drogas. Em 2010, pelo menos 124 adolescentes, entre 12 a 17 anos de idade, foram assassinados por pistoleiros do tráfico na Capital cearense. Ao final, Cléa apresentou o projeto de extensão "Drogas de Abuso", coordenado por ela com a participação de alunos de graduação e pós-graduação da Medicina, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia da UFC. Entre as ações do projeto estão palestras sobre prevenção às drogas e capacitação de professores em escolas públicas.

SEGUNDO DIA - Nesta terça-feira (22), o Seminário continua a partir das 8h, com palestras sobre "Política Nacional sobre Álcool e Outras Drogas: avanços e recuos" e "Prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas no ambiente de trabalho". Às 10h, haverá mesa-redonda com apresentação de programas/projetos desenvolvidos em organizações - serão apresentadas experiências nessa área nos Correios e na Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz).

Fonte: Ana Paula Carvalho, diretora da Divisão de Apoio Psicossocial – Progep – fones: 85 3366 7887 / 3366 7411 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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