Companhia do DF apresenta espetáculo e promove debate e oficina no Teatro Universitário

Imagem: O espetáculo acaba de cumprir temporada de um mês em São Paulo, onde recebeu críticas positivas e foi classificado entre as melhores montagens em cartaz na cidade (Foto: Divulgação)Montagem da Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro (DF), o espetáculo Eros Impuro estreia em Fortaleza no Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno, da UFC, com sessões sábado (23), às 20h; domingo (24), às 18h e 20h, e segunda-feira (25), às 20h. Com entrada gratuita, Eros Impuro propõe também um painel de debates "A arte diz não ao abuso sexual contra crianças e adolescentes", domingo (24), após a sessão das 18h, e a oficina "O Exercício da Crítica Teatral", amanhã (22) e segunda-feira (25), das 15h às 18h, também no Teatro Universitário. A oficina oferta 20 vagas, com inscrições gratuitas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

O espetáculo acaba de cumprir temporada de um mês em São Paulo, onde recebeu críticas positivas e foi classificado entre as melhores montagens em cartaz na cidade. Esteve em festivais em Brasília, Vitória, Goiânia e Recife, além de turnês em Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Belém e João Pessoa.

Inspirada inicialmente nos limites da arte erótica e no caos da criação artística, que envolve sanidade e loucura, Eros Impuro foi escrita, em 2007, pelo autor e diretor Sérgio Maggio, com estreia em 2011. É resultado da fruição artística de Maggio, que teve a ideia da obra depois de observar uma tela do ator, artista plástico e protagonista da peça Jones de Abreu. A partir da obra – que pontua como um gesto cotidiano pode incitar um pensamento erótico –, o roteiro foi criado propondo um questionamento sobre as sequelas do abuso sexual.

Vítima de abuso sexual, o personagem Andrei busca se livrar da angústia que o persegue por meio da arte. O artista plástico acredita que encontrará sua redenção quando conseguir reproduzir na tela a mesma energia sentida no momento do ato de violência. Como os modelos vivos usados por Andrei são garotos de programa, sua obra é vista como pornográfica, suja. O pintor é julgado e marginalizado pela sociedade conservadora – que tem dificuldade em lidar com o erótico –, sendo obrigado a seguir sua carreira sem acesso a galerias e acuado em seu processo obsessivo de criação.

Imagem: O diretor do espetáculo, Sérgio Maggio, e o ator Jones de Abreu (Foto: Divulgação)A MONTAGEM – Para criar o personagem Andrei, o ator Jones de Abreu visitou um hospital psiquiátrico em Brasília e conversou com pacientes vítimas de abuso sexual. De sua visita, Jones tirou muitas características de seu personagem – principalmente de uma mulher que desenvolveu neuroses por ter sido vítima de violência sexual cometida, quando criança, pela própria mãe.

De acordo com Sergio Maggio, a encenação foi criada de forma compartilhada na sala de ensaio, "para que os artistas cênicos – iluminador, cenógrafo, trilheiro – criticassem e se inspirassem". O método de criação e de ensaio resultou em um roteiro estruturado em três planos, três camadas de linguagem – consciente, memória e delírio. O consciente de Andrei (o aqui e agora) pinta a tela sob testemunho do público. No plano da memória, Andrei vive diversos personagens e vai resgatando seu drama. O plano do delírio discute o que é real e loucura – a questão da sanidade, da alucinação, o artista sendo tachado de louco, o caos da criação.

Eros Impuro tem figurino inspirado na obra de Arthur Bispo do Rosário; o ator usa um parangolé, espécie de manto. O cenário reproduz uma tela em branco que vai sendo pintada à medida que a iluminação traça seu desenho. A trilha sonora inclui trechos de peças radiofônicas do ator e diretor francês Antonin Artaud. Também há o recurso da projeção de vídeos caseiros, retratando casais em relações sexuais e projeções de obras de artes eróticas. O espetáculo é recomendado para maiores de 18 anos.

O Teatro Universitário fica na Av. da Universidade, 2210 – Campus do Benfica. Mais informações pelo blog do espetáculo e pelos telefones (85) 3366 7831 e 3366 7832.

Fonte: Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno – fones: 85 3366 7831 / 3366 7832