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Vindos de longe e de perto, novos concludentes realizam sonho do diploma

Imagem: Ture Baba Cassama, 28 anos, homenageou seu país, Guiné-Bissau (Foto: Viktor Braga/UFC)Os passarinhos que diariamente orquestram, em uníssono, seu canto à tardinha nas árvores dos jardins da Reitoria, pouco antes do sol se pôr, nem sequer tinham iniciado sua marcação quando ele chegou, ansioso, para o grande dia. Trazendo raízes longínquas, de além-mar, ele se vestira de patriotismo. Envolvido numa bandeira amarela, vermelha e verde, Ture Baba Cassama, 28 anos, apressava-se: queria ser o primeiro a assinar o nome na ata de concludentes. E assim foi.

Filho de Guiné-Bissau, desejava homenagear seu país naquela noite de festa, no momento em que recebia o diploma em Letras e realizava o sonho de se tornar um profissional de nível superior.

O sorriso, que não sabia conter (tampouco queria), também trazia as mesmas cores, nas borrachinhas do aparelho ortodôntico. "O vermelho significa o sangue, o amarelo, esperança, e o verde, o futuro", explicava, orgulhoso, o concludente. "Isso tudo que estou usando é uma linguagem. É algo diferenciado, porque a gente tem que ser nacionalista", defende.

Mas, agora, levará também de volta um bom bocado de Brasil: "Eu tenho somente a agradecer a este País e ao seu povo, especialmente ao cearense. Aqui, na UFC, aprendi muitas coisas, que vão ficar gravadas em minha história. Aqui, conheci Paulo Freire, que me ensinou que o aprendizado está em todo lugar, e que estamos, na sala de aula, não só ensinando, mas aprendendo. E acho, na verdade, que já vivia Paulo Freire mesmo antes de conhecê-lo", conta Ture, que foi um dos 571 concludentes da cerimônia de colação de grau da quarta-feira (9).

Veja magens da solenidade no Flickr da UFC

Imagem: Cristina Lima, 37 anos, concluiu sua segunda graduação, Pedagogia (Foto: Viktor Braga)Vinda de terras bem menos distantes, Lucélia Sousa, 23 anos, dividia o mesmo espaço para celebrar a conquista do tão almejado "canudo". Natural de Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, ela transpôs o obstáculo diário de pouco mais de 30 quilômetros, ao longo de quatro anos, em busca do mesmo intento. "Sim, foi difícil. A passagem de ônibus não é barata, e tive de trabalhar, desde o primeiro semestre, pra conseguir me manter no curso e não jogar o peso todo sobre meus pais", conta Lucélia, que é a primeira a se formar na família de três filhos.

"Meus pais não tiveram a mesma oportunidade e só concluíram o ensino médio depois que eu havia nascido. Hoje, acredito que serei um exemplo para os meus irmãos, para que eles busquem também um diploma", diz a concludente em Letras.

"Esse é um grande passo em nossa família. Foi aos trancos e barrancos que fomos levando esse sonho e, confesso, chegamos a pensar que isso não ia acontecer. Sim, porque antes as oportunidades de um filho de família pobre chegar à universidade eram muito poucas. Hoje, percebemos que isso está mudando", conta, emocionado, Antônio Bernóbio, pai de Lucélia.

Imagem: Raimunda Lêda, de 52 anos, formou-se em Pedagogia (Foto: Viktor Braga/UFC)Já Raimunda Lêda, 52 anos, não se importou com idade e resolveu, de uma só tacada, realizar o sonho antigo e, com isso, ainda servir de exemplo para os cinco filhos. Vestida em uma beca, como que transportada para um sonho de décadas atrás, estava ali defendendo seu diploma em Pedagogia. Moradora de Aquiraz, encontrou no Instituto UFC Virtual a oportunidade que antes não tivera.

"Terminei o ensino médio e casei, tive filhos, e acabei não conseguindo entrar na universidade. Agora, muitos anos depois, estou aqui realizando meu sonho e mostrando para meus filhos que não existe idade para aprender coisas novas", conta, já fazendo novos planos. "Eu quero continuar, buscar uma nova formação. Não quero parar", afirma.

E quem não parou foi Cristina Lima, 37 anos. Formada em Administração, com duas especializações e já cursando mestrado, ela decidiu ir adiante e resolveu arriscar uma nova graduação. E deu certo: ontem, estava recebendo o diploma de Pedagoga.

"Sim, eu quase fiquei louca, fazendo tantas coisas ao mesmo tempo. Mas valeu a pena. Eu amo crianças e por isso sentia que tinha de fazer Pedagogia, e agora estou me sentindo realizada. A UFC, para mim, é um sonho. Eu queria me formar por esta Universidade. Agora, sim, estou feliz."

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Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: 85 3366 7331

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