Filósofo Manfredo de Oliveira integra agora a galeria dos Professores Eméritos da UFC
- Sexta, 29 Abril 2016 13:44
De posse do título de Professor Emérito da Universidade Federal do Ceará, o Prof. Manfredo Araújo de Oliveira disse ser "plenamente possível imaginar a onda de emoções" que o invadia naquele momento, entre as quais, destacaria "alegria e contentamento" pela honra que lhe fora concedida, que, segundo observava, ultrapassava de longe seus méritos. O Reitor Henry de Holanda Campos, depois de falar da "grande satisfação" de receber o Prof. Manfredo de Oliveira na galeria dos Professores Eméritos da UFC, lembrou: "A honraria recolhe o aplauso de toda a nossa Instituição, pela dimensão que o Prof. Manfredo assume em nosso quadro docente, onde realça pela erudição, coerência, firmeza de princípios e compromisso acadêmico".
Afirmando que "a comunidade filosófica está em festa", o Prof. Odílio Alves Aguiar iniciou a saudação ao novo Professor Emérito assegurando que a homenagem reconhecia "a importante contribuição realizada pelo Prof. Manfredo Oliveira durante mais de 40 anos de atividades nesta Universidade". E acrescentou: "Esse período é mais do que suficiente para testemunharmos a qualidade e a indicação de duração de seu legado".
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O INÍCIO – "Quando ingressei nesta Universidade, em 1973, estávamos em plena vigência de um regime autoritário que assumiu o projeto de transformação deste País numa nação moderna, desenvolvida, industrializada, sonho que marcava nosso imaginário desde pelo menos os anos 1930", relembrou o Prof. Manfredo Oliveira. "Buscava-se com isso, em primeiro lugar, uma modernização econômica através de um processo acelerado de industrialização. Enquanto na Europa houve um longo processo de gestação dessa nova configuração da vida coletiva, o Brasil quase a recebeu de salto, o que se manifestava na proposta que tentava efetivar com mão de ferro de passar, numa geração, de uma nação agrária, subdesenvolvida, para uma nação altamente industrializada". Mais adiante indagou: "Nesse contexto uma pergunta emergia como irrecusável: em função de que e a favor de que e de quem se buscava esse crescimento, esse gigantesco processo de transformação?".
"Quem parte de uma concepção de desenvolvimento integral sabe que ele se justifica quando tem como objetivo melhorias efetivas das condições de vida das pessoas, em primeiro lugar daqueles que por esses processos são deixados à margem", ressaltou, para em seguida assegurar que "não era isso propriamente o que se buscava, o que se revelava pelo fato de que a modernização das relações sociais, profunda e estruturalmente desiguais, foi travada e a desigualdade, acelerada".
EFEITOS TRÁGICOS – "O estado social e democrático de direito que se efetivou na Europa no pós-Segunda Guerra Mundial não chegou a se implantar entre nós", admitiu. "Ao mesmo tempo, com mão de ferro, o regime vigente exercia um controle brutal de todo pensamento e de toda ação que pudesse destoar daquilo que naquela época sombria se denominava civilização ocidental e cristã", relembrou.
Os efeitos sobre a universidade, afirma, "foram trágicos, de modo especial sobre os cursos de Filosofia (naquela época a UFC não tinha Curso de Filosofia), considerados de antemão suspeitos. Seus professores foram acompanhados e vigiados por agentes de segurança em suas atividades universitárias, como foi meu caso, iniciando a experiência de vida universitária". Lembrou, também, dos "muitos que tiveram de deixar o País e, por ironia da história, retornaram depois com muito melhor qualificação, o que reverteu numa mudança de qualidade do mundo filosófico nacional".
MODO DE VIDA – Para o Prof. Odílio Alves Aguiar, "filosofia não é apenas uma profissão, uma carreira, é um modo de vida" do Prof. Manfredo Oliveira. Único doutor em Filosofia na época em que ingressou na UFC, "transformou-se num grande motivador, mobilizador e organizador das vocações filosóficas em nosso Estado", assegura. Disse também em sua saudação que as aulas, os escritos, os grupos de estudos do Prof. Manfredo "transformaram-se, rapidamente, em núcleos de atualização e formação filosófica de ponta".
Toda a comunidade universitária reconhece amplamente "a obra de alto nível produzida por nosso querido Prof. Manfredo Oliveira", cujo "engajamento na vida intelectual deita suas raízes no amor, uma categoria estranha aos critérios acadêmicos, mas que emerge do exame de suas ações no ensino e na pesquisa", destacou o Prof. Odílio, finalizando sua fala com um afetivo "parabéns, Manfredinho".
SIMPLICIDADE – A simplicidade do Prof. Manfredo Oliveira foi destacada pelo Reitor Henry Campos e pelo Prof. Odílio Aguiar, "uma conduta própria dos verdadeiros sábios", que se combina "com o rigor conceitual que pontua suas aulas, seus livros e artigos". Conceder-lhe o titulo de Professor Emérito "foi nossa maneira de lhe agradecer e de retribuir a imensurável contribuição que prestou à Universidade Federal do Ceará, à inteligência e aos valores que nos orientam", finalizou o Reitor.
SOLENIDADE – Além do Reitor Henry de Holanda Campos, compuseram a mesa dirigente da solenidade da noite dessa quinta-feira (28), no auditório da Reitoria, o Prof. Custódio Almeida, Vice-Reitor; o ex-Reitor Renê Barreira; o Prof. Sandro Gouveia, Diretor do Instituto de Cultura e Arte (ICA); José Élcio Batista, Secretário de Estado Chefe do Gabinete do Governador, e o Prof. Odílio Alves Aguiar, do Curso de Filosofia da UFC.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fones: 85 3366 7331, 3366 7936 e 3366 7938