Procurar no portal

Projeto de saneante de alta eficiência entra na fase de produto-piloto

Imagem: Homem no laboratório colocando substância no frasco (Foto: Ribamar Neto)Pesquisadores do Laboratório de Materiais Funcionais Avançados (LaMFA), do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará, estão desenvolvendo um produto na área de nanotecnologia que contará com a participação da UFC em todas as fases do processo de produção. Entre as fases, estão desde o desenvolvimento laboratorial, realizado na Central Analítica da UFC, passando pelo produto-piloto até chegar à fase industrial, com a participação de empresas cearenses.

"É um case de ciência totalmente elaborado na UFC e que vai para a produção-piloto no âmbito da interação com o setor privado", diz o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Prof. Antônio Gomes de Souza Filho. "O interessante é que a demandante é uma empresa cearense e o desenvolvimento foi todo produzido no Ceará. Ou seja, um arranjo universidade-empresa completamente local", completa.

O produto é um saneante de alta eficiência, desenvolvido a partir de nanopartículas para ser utilizado em unidades hospitalares no combate a superbactérias. Ele nasceu a partir de uma demanda da empresa cearense Tecnoquímica Indústria e Comércio, que buscou a Central Analítica com essa demanda.

O diretor-presidente da Tecnoquímica, Felipe Sátiro, explica que as redes hospitalares, de modo geral, costumam utilizar desinfetantes. A empresa quer produzir um produto que não permita que os micro-organismos desenvolvam resistência, diferentemente do que acontece com os desinfetantes comuns. "Será um grande achado para toda a área de saúde", diz.

A primeira parte do desenvolvimento do novo produto foi possível porque a Central, laboratório multifuncional da UFC que atende a diversas unidades da própria Universidade na área de microscopia eletrônica, integra o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (rede SisNano), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A rede SisNano ajuda a custear parte do funcionamento da Central. Em contrapartida, exige que os grupos de pesquisa estruturados em torno da Central dediquem 15% de sua capacidade para atender às demandas de inovação da comunidade relacionadas às competências do laboratório.

A PRIMEIRA PESQUISA – Ao longo dos últimos dois anos, uma equipe em torno de 10 pessoas – coordenada pelo Prof. Odair Pastor Ferreira e que contou a participação do Prof. Amauri Jardim de Paula – testou, in vitro, o uso de nanopartículas metálicas em saneantes, trabalhando em quantidades que vão de 100 ml até 1 litro do produto. A equipe conseguiu a parte mais difícil do desenvolvimento do produto, que é estabilizar as nanopartículas. Os resultados prévios mostraram que a fórmula desenvolvida é eficiente para um amplo espectro de micro-organismos.

Concluída a etapa, a empresa e a equipe de pesquisa querem levar o projeto para escala industrial. O grupo, explica o Prof. Odair Ferreira, deve aprofundar os testes ampliando o espectro de micro-organismos. Depois, deve desenvolver um produto-piloto, avaliando se as características do produto se mantêm com a produção em larga escala.

Nesse ponto, é necessário considerar também os aspectos econômicos. De nada adianta, diz o coordenador do projeto, ter o melhor produto se o custo de produção não puder ser absorvido pelo mercado. Por vezes, é necessário revisar as etapas laboratoriais para baixar os custos de produção.

O desafio proposto pela empresa gerou um novo projeto que acabou vencendo uma chamada pública do Sistema Brasileiro de Tecnologia em Nanotecnologia (Sibratec-SisNano), programa de inovação na área de nanomateriais e nanodispositivos que opera com recursos da Financiadora de Recursos de Projetos (Finep) do MCTI. Com isso, a equipe do LaMFA irá receber R$ 300 mil ao longo dos próximos 18 meses para realizar essa etapa do desenvolvimento do produto. A empresa entrará com 10% de contrapartida.

UNIVERSIDADE-EMPRESA – "Esta relação (entre Academia e setor privado) é muito importante. Porque quem faz a inovação é a empresa. É ela quem conhece as demandas do mercado. A Universidade contribui para essa inovação. De que forma? Com o conhecimento específico de seus pesquisadores", diz o Prof. Odair.

O pesquisador chama a atenção para dois fatores. O primeiro é o desdobramento desse tipo de pesquisa na cadeia produtiva local, uma vez que o projeto prevê o uso de matérias-primas cearenses. O segundo é o papel da atividades e pesquisa e desenvolvimento na absorção de pesquisadores formados pela própria UFC. Apesar de ser um projeto ainda em andamento, ele já gerou o primeiro emprego.

Atualmente, a UFC e a empresa estão negociando os termos do convênio – que deve gerar depósito de patente e, consequentemente, royalties a partir do momento da comercialização – para levar a cabo o desenvolvimento do produto. A negociação se dá por intermédio da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (CIT), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.

Fonte: Prof. Odair Pastor Ferreira, do Departamento de Física da UFC – fone: 85 3366 9903 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Endereço

Av. da Universidade, 2853 - Benfica, Fortaleza - CE, CEP 60020-181 - Ver mapaFone: +55 (85) 3366 7300