- Terça, 07 Março 2017 12:18
Agradecimento. Essa palavra e suas variantes foram algumas das mais ouvidas na solenidade que concedeu o título de Professor Emérito in memoriam ao Prof. Antônio Adauto Fonteles Filho, falecido em julho de 2016. A cerimônia ocorreu na noite de segunda-feira (6), no auditório do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), espécie de segunda casa do homenageado.
À gratidão somou-se a saudade, expressa nos olhos lacrimejantes de familiares, amigos e colegas que lotaram o auditório para celebrar a trajetória acadêmica e pessoal do eterno Prof. Adauto, como era tratado pelos mais próximos.
A diretora do Labomar, Profª Ozilea Bezerra Menezes, afirmou que a concessão do título "nasce de um profundo agradecimento daqueles que tiveram a alegria e a satisfação de conviver" com o professor. Ela destacou a enorme contribuição dada pelo docente à pesquisa da vida marinha, especialmente da lagosta, bem como ao estudo da pesca artesanal. E emendou que as qualidades de "bondoso, inteligente e trabalhador incansável" eram as principais do Prof. Adauto, algo que conquistava as pessoas que o conheceram.
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O ex-Reitor Roberto Cláudio Frota Bezerra recordou da juventude ao lado de Adauto, quando os dois eram contemporâneos e companheiros de birô como estudantes do Curso de Agronomia. "O Prof. Adauto foi quem melhor encarnou o espírito de cientista que nos foi passado pelo Prof. Melquíades. Foi o melhor discípulo", considerou e, em seguida, lembrou a época em que o Prof. Adauto embarcou, por vários dias seguidos, às 4h da manhã para acompanhar um grupo de pesca artesanal, regressando apenas ao fim da tarde.
A outorga do título de Professor Emérito foi feita pelo Vice-Reitor no exercício da Reitoria, Prof. Custódio Almeida, que entregou o documento à viúva do Prof. Adauto, dona Zélia da Nóbrega Fonteles. A palavra em nome da família coube ao filho do casal, Helano Regis da Nóbrega Fonteles, por meio de videoconferência, direto de Portugal. Ele falou do "imenso respeito e orgulho" dos familiares e ressaltou que a trajetória acadêmica de seu pai era, naquele momento, plenamente reconhecida.
"Meu pai foi um mestre na acepção mais concreta da palavra", disse, lembrando o esforço didático do pai em se fazer compreendido pelos alunos, por considerar que o conhecimento deveria ser acessível, nunca hermético, distante.
"O Prof. Adauto brilhou em tudo que fez", sintetizou Custódio Almeida, acrescentando que o homenageado se fez emérito pela seriedade, competência e amor à causa da ciência. O Vice-Reitor também reverenciou o Labomar, cuja história acompanha, em grande parte, a do homenageado. "Ele foi um dos mais ilustres membros dos quadros da UFC", reconheceu e salientou que a Universidade também se engrandece ao torná-lo Professor Emérito. "Nos orgulhamos da história que ele escreveu nessa casa."
LIVRO – A noite foi marcada também pelo lançamento do livro Um brilhante e produtivo cientista: Antônio Adauto Fonteles Filho (1944-2016), escrito pelo mestre de Adauto, Prof. Melquíades Pinto Paiva, fundador e Diretor Emérito do Labomar. Emocionado, o Prof. Melquíades pontuou que a obra tinha dois objetivos principais: exaltar a eternidade da vida científica do Prof. Adauto, pois "o cientista não morre, ele permanece"; e louvar a UFC, pois "não é qualquer instituição que constitui um cientista como o Adauto".
Ao falar do grande abatimento causado pela morte de Adauto, o Prof. Melquíades frisou que "não é normal o mestre enterrar o discípulo". E completou: "Pus os olhos no Adauto no primeiro ano do Curso de Agronomia e o acompanhei até a morte. Fui orientador, colega de trabalho, amigo e professor", lembrou. Em seguida, revelou que seu último trabalho sobre lagostas (ainda inédito) foi revisado pelo Prof. Adauto, poucos dias antes de sua partida.
REVISTA – Houve ainda o lançamento do volume especial da revista Arquivos de Ciências do Mar, na qual o homenageado exercia a função de editor-chefe. A revista é reconhecida internacionalmente, sendo umas das publicações mais citadas em produções acadêmicas dessa área de estudo. A nova editora-chefe do periódico, Profª Cristina de Almeida Rocha-Barreira, reconheceu o desafio de manter o trabalho do Prof. Adauto. Com a revista, segundo ela, o professor "abriu as portas" para a divulgação científica do que é produzido no Labomar. "O Prof. Adauto representava e representa a alma do Labomar", concluiu.
TRAJETÓRIA – Formado em Agronomia, o homenageado ingressou no Labomar como estagiário e, em julho de 1968, foi ali admitido no cargo de auxiliar de pesquisa, transformado em auxiliar de ensino, a partir de 1970, como resultado da Reforma Universitária de 1968. Obteve o título de Ph.D. em Dinâmica de Recursos Pesqueiros (University of East Anglia) em 1976. No mesmo ano, de volta à UFC, fez concurso público para professor adjunto e depois para professor titular da Instituição.
Lecionou no Departamento de Engenharia de Pesca até julho de 1995 e coordenou a Divisão de Pesca do Labomar de 1980 a 1994. Mesmo depois de aposentado, continuou em atividade nos programas de pós-graduação em Ciências Marinhas Tropicais, Desenvolvimento e Meio Ambiente e Engenharia de Pesca da UFC. Orientou 42 monografias de graduação, 15 dissertações de mestrado e 6 teses de doutorado. Publicou 85 artigos, e seu livro Oceanografia, biologia e dinâmica populacional de recursos pesqueiros (2011) é referência nacional na área.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fone: 85 3366 7331