Teatro e palestra marcam abertura da Semana de Direitos Humanos; assista à reportagem

Imagem: Performance do grupo Negragem foi feita na abertura oficial da Semana (Foto: divulgação)Com trecho da peça Negragem, coragem, do grupo teatral Negragem, que retrata o cotidiano de exclusão e preconceito social vivido pelos jovens negros da periferia, foi aberta oficialmente, na noite dessa terça-feira (11), a I Semana de Direitos Humanos do Estado do Ceará.

A abertura ocorreu no Auditório Rachel de Queiroz, na área 2 do Centro de Humanidades da UFC, e foi marcada ainda pela palestra "70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: desafios atuais para o Brasil", proferida pelo Prof. Solon Viola, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), do Rio Grande do Sul.

Estiveram presentes o reitor da UFC, Henry Campos; a presidente da Comissão de Direitos Humanos da UFC, Beatriz Rego Xavier; o coordenador especial de Direitos Humanos do Governo do Ceará, Demitri Cruz; a secretária executiva dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza, Patrícia Helena Studart; e a vereadora de Fortaleza Larissa Gaspar.

Imagem: Mesa de abertura da solenidade (Foto: Ribamar Neto/UFC)A Profª Beatriz enfatizou a união de esforços entre a UFC e órgãos estaduais que culminou na I Semana de Direitos Humanos do Estado do Ceará. Para ela, a Universidade marca posicionamento convergente com os princípios da 70ª Declaração Universal dos Direitos Humanos, ratificada em Paris, em 10 de dezembro de 1948.

"Na organização desse evento a UFC assinala uma tomada de posição em favor de impulsionar os direitos humanos. Temos ações planejadas no sentido de fazer a promoção de direitos, de não negar as suas violações na Instituição e fora dela", afirmou.

Ratificando a fala da Profª Beatriz, o reitor Henry Campos evidenciou a tomada de posição da Universidade quanto à defesa dos direitos humanos. "Estamos, de fato, marcando um território, dizendo à sociedade que a nossa Instituição permanece atenta aos direitos humanos e que nos empenhamos em respeitá-los. Considero natural que surja expectativa na sociedade para que a Universidade coloque essas questões sob as luzes de sua visão crítica e sob o peso de sua insuspeição", avaliou.

O reitor ainda comentou relatórios das Nações Unidas que apontam retrocessos do Brasil, em comparação a outros 193 países, na efetivação de direitos humanos, quando avaliados o sistema carcerário e os índices de homicídios de mulheres, jovens negros e população LGBT. "O Brasil assina todos os tratados internacionais relacionados aos direitos humanos e não cumpre nenhum deles. Nessa triste conjuntura urge a mobilização pela observância de direitos, e é isto que estamos fazendo aqui", asseverou.

Imagem: A palestra magna foi proferida pelo Prof. Solon Viola, da UNISINOS (Foto: Ribamar Neto/UFC)DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO – Os 40 anos do livro Pedagogia do Oprimido, do internacionalmente reconhecido educador Paulo Freire, foram o mote para a palestra do Prof. Solon Viola. Relacionando violação de direitos e a forte exclusão social no Brasil, Viola classificou como tardia a chegada do conceito de direitos humanos no País.

Isso, para o estudioso, influenciou os textos das diversas versões da Carta Magna nacional, marcados por manutenção de privilégios de um pequeno grupo social de elite. "O Estado brasileiro construiu uma pedagogia do esquecimento, do apagamento da participação dos povos nas suas lutas por liberdade", disse.

Outro destaque do pesquisador foi a explicação acerca do surgimento da ideia de que "defensor de direitos humanos é defensor de bandido". Detalhou que as raízes estão no contexto de repressão e perseguição política da Ditadura Militar de 1964, que criminalizava, torturava e matava os seus opositores. Para aqueles que lutavam contra as atrocidades do regime, entre eles, o líder católico Dom Paulo Evaristo Arns, criou-se a alcunha de "defensor de bandido comunista".

Na época arcebispo emérito de São Paulo, Arns foi um dos que contestaram a versão oficial de suicídio do jornalista Vladimir Herzog, que fora torturado e morto no Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). "Tentaram colocar essa mesma ideia de 'defensor de bandido' no Uruguai e na Argentina, mas só aqui que pegou. O direito humano não é uma pessoa, mas é um sentimento, é um compromisso, uma outra forma de pensar o mundo", arrematou.

PROGRAMAÇÃO – A Semana de Direitos Humanos segue até sexta-feira (14), com palestras, rodas de conversa e mesas-redondas. Confira a programação do evento. As atividades da manhã de terça-feira (11) incluíram mesa-redonda no auditório da Reitoria e mostra de trabalhos relacionadas à temática do evento.

Confira reportagem da UFCTV:

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fone: 85 3366 7331