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Estudante de escola pública treinado na Seara da Ciência participará de olimpíada internacional de astronomia

Da esquerda para a direita: Maxwell Filho, professor da escola Adauto Bezerra; Heliomárzio Moreira, professor da Seara; Bismark Mesquita, estudante; Ednardo Rodrigues, professor da Seara (Foto: acervo pessoal)Pela primeira vez no Brasil, um aluno de uma escola pública estadual chega ao seleto grupo de estudantes que vai representar o País em uma olimpíada internacional de astronomia. O feito coube a Bismark Mesquita, aluno da Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, em Fortaleza. Ele é treinado pela equipe da Seara da Ciência, equipamento de divulgação científica da Universidade Federal do Ceará. Após um longo e concorrido processo, foi selecionado para integrar a equipe que vai disputar a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), que será realizada virtualmente, de 16 a 29 de novembro.

Para participar da OLAA, Bismark precisou passar por várias etapas. Primeiramente, ele conquistou a medalha de ouro na edição de 2019 da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), que envolve escolas públicas e privadas de todo o País.

Em seguida, passou por seletivas on-line e, com o bom resultado, avançou para a etapa presencial da seleção, no Rio de Janeiro, juntamente com cerca de 250 candidatos. Ficou entre os 45 selecionados para os treinamentos seguintes, em São Paulo. Por fim, foi escolhido para integrar a equipe brasileira na OLAA, formada por seis membros no total. Outra equipe brasileira foi selecionada no mesmo processo para outro evento, a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA).

Veja abaixo a entrevista do estudante Bismark Mesquita para a UFCTV:

"Foi uma alegria imensa saber que fui classificado para a equipe brasileira na OLAA. Estou muito ansioso para participar da olimpíada e espero conseguir bons resultados", diz Bismark. Já durante as primeiras etapas do processo seletivo, ele passou a ser acompanhado pela UFC, por meio do Grupo de Astronomia da Seara da Ciência (GAS – Interestelar).

TREINAMENTO COMPLETO ‒ "É uma experiência incrível fazer parte desse grupo, saber que temos o apoio de alunos e professores experientes na área de astronomia e nas olimpíadas, além de poder realizar muitas atividades diversificadas, como treinamentos de telescópio ou de planetário, que vão muito além dos conteúdos em sala de aula. O treinamento na Seara é completo e diversificado. Sem dúvidas foi essencial para mim", relata o estudante, que pensa em cursar Física na UFC.

Bismark conta que desde criança já gostava de astronomia e assistia a programas e documentários sobre o assunto. Em 2018, no segundo ano do ensino médio, participou pela primeira vez da OBA e pegou ainda mais gosto pela área, sobretudo após conhecer o GAS e também um grupo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Assim, ajudou a fundar, na escola, o Grupo de Astronomia do Adauto Bezerra (GAAB), coordenado por Maxwell Lima Filho, professor da instituição. O estudo em grupo na escola e na Seara, segundo o jovem, foi fundamental para o resultado na seleção. Ele chegou a ser convidado para competir por escolas particulares. Mas, por acreditar e defender o ensino público, resolveu permanecer onde estava.

"Muitos estudantes de escola pública têm grande potencial para conquistar os espaços científicos, mas lhes faltam oportunidades e incentivo. Então é muito importante que o ensino público passe a ter mais visibilidade nessa área, fazendo com que mais alunos tenham interesse nas ciências", aponta.

Bismark ao lado de outros estudantes que também passaram pelo treinamento da Seara da Ciênncia; eles estão dispostos em uma escadaria, com colunas brancas ao fundo (Foto: Divulgação)DIVISOR DE ÁGUAS ‒ As atividades do GAS – Interestelar são coordenadas pelo Prof. Ednardo Rodrigues, bolsista de Estímulo à Divulgação Científica ‒ um subprojeto do Programa Cientista-Chefe, do Governo do Estado. Na avaliação de Rodrigues, a classificação de Bismark para a OLAA é um “divisor de águas”, no sentido de mostrar que estudantes de qualquer escola, seja pública, seja privada, têm condições de alcançar resultados de destaque em eventos científicos e na trajetória estudantil como um todo.

"Acho que o aluno não deve mudar de escola antes de conversar com seus diretores. Às vezes, o aluno é preparado a vida toda em uma escola e, na etapa final, muda para outra escola. As escolas não devem agir como times de futebol e sim como instituições educadoras", defende.

Ainda segundo o professor, Bismark está preparado e tem chances de, juntamente com seus colegas, conseguir a medalha de ouro para o Brasil. "O Bismark foi muito dedicado, nunca faltou e sempre chegava minutos antes de começar o treinamento. Os alunos veteranos se admiravam com o desempenho dele", relata Rodrigues.

Assim como Bismark, o professor reforça que o mais importante nas olimpíadas e nos estudos preparatórios não é o espírito de competição, mas sim o de cooperação. "Precisamos despertar em nossos alunos de astronomia e astronáutica a importância da cooperação desde cedo. Pois o universo é muito grande e, quando eles estiverem na universidade, precisarão trabalhar em conjunto para avançar nas pesquisas."

A área de astronomia da Seara da Ciência é coordenada pelo Prof. Dermeval Carneiro, que também dirige o planetário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O GAS – Interestelar tem coordenação do Prof. Ednardo Rodrigues e o apoio do Prof. Heliomárzio Moreira. Além disso, medalhistas que foram treinados na Seara em anos anteriores costumam voltar ao projeto para contribuir na preparação dos novos participantes.

ORGULHO – O diretor da Seara da Ciência, Prof. Ilde Guedes, diz que o resultado obtido comprova a excelência do trabalho realizado no equipamento e serve de exemplo para que outros estudantes possam desenvolver ao máximo seu potencial. "O fato de um aluno de escola pública alcançar essa colocação em uma competição tão importante e, ainda por cima, ter tido parte de sua formação na Seara da Ciência nos enche de orgulho. Estamos todos muito contentes", enfatiza.

EXTENSÃO – Desde 2017, o GAS – Interestelar realiza treinamentos para competições nacionais e internacionais. Os alunos treinados pelo projeto de extensão já alcançaram várias medalhas e menções honrosas em competições nacionais e internacionais. Qualquer aluno que é aprovado nas etapas iniciais da seletiva pode participar dos treinamentos na Seara, independentemente da escola de origem. A iniciativa parte dos próprios estudantes ou de algum tutor das escolas. Outras informações estão no site da Seara da Ciência.

Fonte: Prof. Ednardo Rodrigues, da Seara da Ciência – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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