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Estudo com pesquisador da UFC descreve a descoberta de ave fóssil cearense e reacende discussão sobre origem das aves na Terra

A descoberta de fósseis de uma ave até então desconhecida na Mina da Pedra Branca, em Nova Olinda, reacende a discussão sobre o local de origem das aves, colocando o Ceará como um novo candidato a esse posto. Batizada de Kaririavis mater, a nova espécie foi descrita em artigo científico publicado na semana passada no Journal of Vertebrate Paleontology, assinado pelo professor visitante da Faculdade de Medicina (FAMED) José Xavier Neto, em coautoria com pesquisadores de outras instituições.

Imagem: Desenho da ave Kaririavis mater

Foram encontrados no referido local fragmentos do pé direito da Kaririavis mater que somam 115 milhões de anos, o que a torna a ave mais antiga da América do Sul. A espécie viveu no Cretáceo, período quando o supercontinente Gondwana ‒ o qual incluía a América do Sul, África, Austrália, Antártica e Índia ‒ estava se dividindo. A espécie pertence ao grupo dos Ornituromorfos (que significa cauda de pássaro), cujos descendentes originaram as aves atuais no mundo e que até agora só haviam sido observadas na China, na Mongólia e na Europa.

A descoberta comprova, portanto, que no Ceará viveram aves primitivas. Para o Prof. José Xavier Neto, que também é cientista-chefe da Saúde do Ceará e coordenador do Centro Multidisciplinar à Análise de Imagens Médicas e Biológicas da FUNCAP (CMAI), a descoberta traz à tona a discussão sobre a origem das aves na Terra.

“A China é o depósito mais prolífico de fósseis de pássaros primitivos no mundo. Mas, com esta descoberta inédita, o local de origem das aves, agora, não é claro e definitivo. Os pássaros apareceram na China e voaram para o Brasil ou eles apareceram no Brasil e voaram para a China?”, interroga. Ele informa que a pesquisa, que continua, abre novos questionamentos sobre a origem, a distribuição e a evolução de pássaros primitivos no período Cretáceo.

A Kaririavis mater apresenta características morfológicas primitivas e modernas, fazendo com que seu comportamento e seu nicho ecológico ainda sejam misteriosos. Ela possuía pés grosseiros, falanges dos dedos muito robustas e uma garra no segundo dedo, muito recurvada e proporcionalmente grande para seu tamanho, aspectos diferentes dos encontrados na maioria dos Ornituromorfos, que tinham pés finos e dedos delgados.

As aves descendentes com pés semelhantes à Kaririavis são as ratitas, um grupo de pássaros não voadores primitivos, de hábito cursorial, adaptado a rápidos deslocamentos, como a ema e o avestruz.

O artigo publicado na revista internacional é assinado também por Ismar de Souza Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); por Sebastián Rozadilla e Fernando E. Novas, do Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia; por Federico Agnolin, também do referido museu e da Fundación de Historia Natural Félix de Azara; e por José A. Ferreira Gomes Andrade, da Agência Nacional de Mineração.

Confira vídeo no YouTube que explica a descoberta.

Fonte: Prof. José Xavier Neto, do Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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