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Fevereiro Laranja conscientiza sobre leucemia e doação de medula óssea; Complexo Hospitalar da UFC integra a campanha

Em outubro de 2017, aos 18 anos de idade, o estudante Gabriel Pereira descobriu que estava com leucemia. Em meio ao impacto da notícia, a esperança: seu irmão, Caleb, era 100% compatível e poderia ser doador de medula óssea. Hoje, aos 22 anos, Gabriel celebra a cura da doença com a família, sendo um exemplo de sucesso para a Campanha "Fevereiro Laranja".

A campanha foi instituída pela Lei Estadual nº 17.207/2019, de São Paulo, com o objetivo de esclarecer sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 foram registrados no Brasil mais de 10 mil novos casos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres.

Imagem: Ilustração de cinco pessoas segurando laços na cor laranja

O chefe da Unidade de Oncohematologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar UFC/EBSERH, o médico e professor Fernando Barroso, explica que a leucemia é um tipo de câncer que atinge a medula óssea, especificamente na produção de células brancas do sangue, responsáveis pela defesa do organismo, e ainda afeta a produção de outras células sanguíneas como os glóbulos vermelhos e as plaquetas, que agem na coagulação. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como o hemograma, e outros mais específicos da medula óssea, a exemplo do mielograma.

Os sintomas mais comuns da leucemia, de acordo com Barroso, são a presença de febre, manchas no corpo, sangramentos (na gengiva, menstruação abundante) e anemia que causa cansaço extremo e palidez. Em alguns casos, pode haver inflamação de gânglios no pescoço e nas axilas, formando nódulos. Os fatores de risco para a doença são má alimentação, sedentarismo, exposição ao álcool, cigarro e a agrotóxicos. Existem relatos de leucemia secundária, quando, em tratamento de outros cânceres, o paciente entra em contato na quimio e radioterapia com substâncias que acabam contribuindo para o surgimento do câncer do sangue.

Além desses, há casos de predisposição hereditária, mais comum em crianças. Os tipos de leucemia podem ser classificados conforme a velocidade com que a doença pode evoluir e se tornar mais grave, sendo, principalmente, divididos em crônica (quando há um agravamento mais lento) ou aguda (quando apresenta uma piora de forma mais rápida).

Os sintomas iniciais que Gabriel Pereira manifestou foram fadiga, manchas e dores no corpo, bem como sangramento ao escovar os dentes. Após a confirmação do diagnóstico, logo foi iniciado o tratamento com ciclos de quimioterapia. Foram seis meses de várias sessões até o tão aguardado transplante de medula, a partir da descoberta de compatibilidade absoluta com o irmão Caleb. No dia 27 de abril de 2018, no HUWC, foi o grande momento de transplante entre os irmãos.

Ao final do procedimento cirúrgico, a recuperação ocorreu de forma bastante tranquila, respeitando as recomendações alimentares e de repouso necessárias. Gabriel, que havia interrompido os estudos por quase quatro anos, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2021 e passou em primeiro lugar para o curso de Letras-Português/Inglês, na Universidade Federal do Ceará (UFC).

"Parece um respiro, um alívio. Foi uma alegria imensa passar no vestibular depois de tudo que passei contra a leucemia. Aquele momento que vi minha aprovação, foi a sensação de ter uma vida normal devolvida a mim. Eu vou estudar, vou ver amigos, conhecer pessoas novas, vivenciar todos os desafios de uma faculdade, ter minha vida de volta", contou.

Imagem: Foto da fachada do Hospital Universitário Walter Cantídio, localizado em Fortaleza

DOAÇÃO DE MEDULA – O médico Fernando Barroso detalha que as principais vias de tratamento da leucemia são a quimioterapia e imunoterapia para alcançar o estado de remissão do câncer, com a possibilidade de transplante de medula óssea, seguindo a orientação médica. A medula está presente no interior dos ossos e contém células-troncos capazes de, com o transplante, substituir as células cancerígenas por uma medula que produzirá células saudáveis.

O caso dos irmãos Pereira reforça esses aspectos do tratamento da doença e do transplante. Caleb faz questão de afirmar que a doação de medula é um processo muito tranquilo, sem riscos para o doador. "É um ato indolor e não traz consequência negativa futura. Não tem dificuldade, não tem sofrimento, muito pelo contrário. Quem doa está fazendo uma ação louvável. Eu fiz pelo meu irmão, mas faria novamente para alguém que precise. É um ato de amor que está salvando vidas", enfatizou.

O procedimento envolve a retirada da medula do interior dos ossos da bacia por meio de punções com anestesia, e o tecido se recompõe completamente em até 15 dias. De 2014 a janeiro de 2022, no HUWC, foram realizados 116 transplantes de medula óssea.

Para Fernando Barroso, cada tratamento é definido de acordo com o tipo de leucemia, a idade e características do paciente. É, portanto, realizado de forma individualizada conforme os aspectos do indivíduo e da doença. Sobre o transplante, o médico reforça que "é algo essencial e que muda a história da doença. Não podemos abrir mão de esclarecer sobre o tema", declarou.

Para ser um doador, é preciso ter entre 18 e 35 anos de idade e estar em bom estado de saúde. Será colhida uma amostra de 5 ml de sangue para os testes e os dados farão parte do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). O cadastro pode ser feito através de hemocentros em todo o território nacional. Em Fortaleza, o HEMOCE é a principal instituição responsável por esse trabalho.

Outro ponto a destacar é a necessidade de manter o cadastro atualizado dos doadores de medula. Se o doador tiver alguma mudança nos dados cadastrais, basta entrar em contato com os hemocentros para atualizar. "Quem tem leucemia fica numa grande expectativa para encontrar um doador. Imagina você descobrir que é compatível com alguém e quando tentam entrar em contato com a pessoa, o número e o endereço já não são mais os mesmos? Deve ser devastador", alertou Gabriel Pereira.

SERVIÇO – Na capital cearense, o cadastro de doadores de medula óssea pode ser realizado na sede do HEMOCE (Av. José Bastos, 3390, Rodolfo Teófilo); no Instituto Dr. José Frota (Rua Barão do Rio Branco, 1816, Centro); na Praça das Flores (Av. Desembargador Moreira, s/n, Aldeota) e no Shopping Parangaba (Av. Germano Franck, 300, Parangaba). No interior do estado, há polos de cadastramento nos hemocentros das cidades de Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral.

Fonte: Unidade de Comunicação Social do Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH – fones: (85) 3366 8577 e 3366 8183

Endereço

Av. da Universidade, 2853 - Benfica, Fortaleza - CE, CEP 60020-181 - Ver mapaFone: +55 (85) 3366 7300