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Pertencimento, defesa da ciência e democracia dão o tom da segunda noite de colação de grau na Concha Acústica

“O vínculo com a UFC nunca acaba.” A frase, dita pela designer Thaís Guimarães, graduada pela Universidade Federal do Ceará, resume o sentimento expresso na noite dessa quinta-feira (5), a segunda do ciclo de colação de grau da Instituição, que ocorre desde o dia 4 na Concha Acústica.

Ao todo, 1.083 egressos e concludentes estiveram presentes para colar grau, dos quais 1.064 de forma simbólica, já tendo concluído seus cursos durante o período em que as colações ocorreram de forma virtual. Mesmo com o diploma já expedido, há meses ou anos, o vínculo com a UFC falou mais alto e os graduados voltaram à Reitoria apenas para ouvir, em alto e bom som: “Vocês estão formados!”.

Thaís, por exemplo, já é até mesmo servidora da Universidade, empossada em maio deste ano como técnica de laboratório em comunicação visual. Mas não abriu mão de estar presente na cerimônia. “A UFC fica na memória da gente. É sempre uma história que é escrita de forma muito mais forte, mais bonita. É uma oportunidade única, e é muito sensível trazer a gente para cá hoje, depois de tempos tão difíceis, para conseguirmos celebrar”, afirmou.

Imagem: A egressa Thaís Guimarães, segurando um cão da raça shih-tzu

E como a presença da família é algo que não poderia faltar nesse momento, Thaís fez questão de trazer até o Joca, o cachorro shih-tzu que esteve presente durante toda a trajetória da designer. “O apoio da família foi fundamental. Meus pais sempre incentivando, o Joca, do jeito dele, me acompanhando em noites em claro. Mas tudo valeu a pena. Realmente é um diferencial muito grande quando você tem esse apoio”, diz.

Veja imagens da segunda noite da colação de grau da UFC

Família, inclusive, é algo que Milton Cassul, graduado em Ciência da Computação, precisou redescobrir. Intercambista que veio de Angola em 2017 para o Brasil, por meio de políticas de internacionalização, Milton chegou à UFC acompanhado apenas do irmão e de um amigo. Tantos anos depois, o agora bacharel, já tem família formada em Fortaleza, com esposa e filho, ambos também presentes na cerimônia.

“Sou uma das poucas pessoas que é formada na minha família”, conta Milton, ao narrar as dificuldades que enfrentou durante o curso. “Está sendo um momento muito feliz, de concluir minha graduação, de dar esse presente aos meus familiares. Em algum momento da minha trajetória, eu tinha desanimado um pouco, porque parecia que quanto mais perto mais difícil ficava”, confessa. “Todo aluno passa por dificuldades, mas esse momento final é que é a coisa mais feliz.”

Imagem: Milton, segurando seu filho pequeno, ao lado da esposa

PASSADO, PRESENTE E FUTURO – Durante a cerimônia, presidida pelo reitor da UFC, Prof. Custódio Almeida, os formandos do Centro de Ciências (CC), do Centro de Tecnologia (CT), do Centro de Ciências Agrárias (CCA), do Campus de Quixadá e do Campus de Russas lotaram a Concha Acústica, ao lado de seus padrinhos e madrinhas, para ouvir os discursos da noite, que tiveram início com a fala da oradora discente, Victória da Silva Moreira, do Curso de Biotecnologia.

Memórias do passado e expectativas para o futuro permearam a fala de Victória, enquanto a estudante resgatava as lembranças das dificuldades enfrentadas durante a pandemia de covid-19. “Tantas oportunidades, conexões e até mesmo aprendizados que foram perdidos... E, é claro, as pessoas que infelizmente perderam suas vidas, algumas dessas que deveriam estar aqui conosco nesta noite, comemorando o encerramento de um dos ciclos mais importantes da nossa vida”, lembrou.

Imagem: A graduanda Victória da Silva Moreira discursa como oradora discente

Victória apontou ainda aos colegas todas as vezes em que eles marcaram a vida daqueles que cruzaram seus caminhos durante a graduação, aluno, professor ou outro funcionário. “Eu sei que queremos ser alguém no futuro e impactar a vida das pessoas. Na verdade, eu tenho uma coisa para dizer a vocês: vocês já fazem isso sem nem perceber”, afirmou.

A nossa marca já está sendo deixada no mundo. Todos nós impactamos as vidas das pessoas ao nosso redor. Temos a percepção de que desaparecemos quando deixamos o quadro, mas nós nunca saímos da moldura do primeiro lugar. Então que possamos persistir pela criança que um dia fomos e pela nossa versão melhorada no futuro”, continuou a discente. “O agora é o momento mais precioso que temos. Então vamos aproveitá-lo”, concluiu.

CONHECIMENTO A valorização da ciência também foi ponto marcante na cerimônia, que teve como orador docente o Prof. Francisco de Assis de Souza Filho, do Centro de Tecnologia. O professor foi firme ao defender um dos pilares que sustentam a Universidade: o conhecimento científico. “Quantas mortes poderiam ter sido evitadas com políticas públicas construídas sob a evidência técnico-cientifica?”, questionou, ao mencionar a pandemia.

“Essa foi uma dura demonstração de que, em uma sociedade complexa, como a nossa aldeia global, não conseguiríamos sobreviver sem conhecimento técnico-científico. Devemos ser firmes no antagonismo às diferentes manifestações de terraplanismo, assim como no combate ao negacionismo dos impactos deletérios de nossa sociedade de consumo sobre o clima e a biodiversidade”, defendeu o docente.

Imagem: O Prof. Francisco de Assis de Souza Filho discursa como orador docente

Ao orientar o caminho futuro dos concludentes, o professor se utilizou das palavras de Gilberto Gil, na canção “Aquele abraço”: “‘Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço. A Bahia já me deu, graças a Deus, régua e compasso’. Gostaria de dizer que a UFC possibilitou o acesso de vocês à régua, ao compasso, ao sistema de informações geográficas e ao navegador GPS. Forneceu equipamentos para que vocês construam seu caminho profissional pelo mundo”, pontuou.

“Concludentes, levem consigo o amor ao conhecimento, à ciência e à boa técnica. Lembrem-se também que esse conhecimento deve estar a serviço do outro. Para aqueles que em seu utilitarismo questionam essa sentença, recomendo que lembrem que o outro do outro é você”, disse.

LUTA PELA DEMOCRACIA – As falas em defesa do ensino público e da ciência presentes na segunda noite de colação de grau ganharam palco em uma data especial: a comemoração do aniversário de 35 anos da Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988. A efeméride, que também marca o Dia de Luta pela Democracia, ganhou destaque em fala do reitor da UFC, Prof. Custódio Almeia, que discursou após a tradicional conferência de grau aos concludentes e conferência simbólica aos egressos.

“Hoje, as instituições federais de ensino superior do Brasil, em conjunto com a Associação Brasileira de Ciências, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e outras entidades, colocam-se juntas a favor dessas causas e convidam todas e todos a defender nosso Estado Democrático de Direito”, anunciou o reitor.

Imagem: O reitor da UFC, Prof. Custódio Almeida, discursa na Concha Acústica

“Somente com democracia podemos lutar por direitos e pelas liberdades e conseguimos combater a tortura, a censura e outras formas de violência que marcaram a história recente do Brasil, período para o qual não queremos, não podemos, nem devemos voltar. A UFC deve ser farol de tudo aquilo que precisamos para ter uma sociedade livre, democrática, aberta e justa. Por isso, defender a democracia também é defender a educação e a ciência”, ressaltou.

O ciclo de colação de grau se encerra na noite desta sexta-feira (6), com concludentes da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), do Centro de Humanidades (CH) e da Faculdade de Educação (FACED).

Ao todo, são esperados para a última cerimônia 1.139 concludentes e egressos. Entre eles, 1.090 já são graduados e optaram por participar do evento de forma simbólica, para finalmente entoar o grito de emoção e comemoração que ficou guardado por tanto tempo e que o vínculo com a Universidade nunca deixou sumir.

Assista à cerimônia no canal da UFCTV no YouTube:

Fonte: Coordenadoria de Comunicação e Marketing (UFC Informa) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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