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Brasil e França traçam panorama sobre o semiárido e definem linhas de pesquisa prioritárias

Imagem: O representante da Agência Nacional das Águas (ANA), Marcelo MedeirosChuvas irregulares que se concentram em um curto período do ano; altos índices de evaporação da água; limitações econômicas e múltiplas percepções sobre a seca. Está posto, assim, o cenário de desafios do semiárido nordestino. Um amplo panorama sobre a região foi exposto em nove palestras na manhã desta terça-feira (27), no segundo dia da Reunião Franco-Brasileira pelo Desenvolvimento Sustentável no Semiárido do Nordeste (REFBN).

Reunidos na Casa de José de Alencar, pesquisadores e representantes de instituições francesas e brasileiras – dentre elas, a Universidade Federal do Ceará – detiveram-se sobre alguns dos temas mais relevantes para a região: gestão da água; agroecologia e solo; dinâmicas socioeconômicas.

O objetivo das palestras era jogar luz sobre assuntos e linhas temáticas que deverão ser alvo de novas parcerias e projetos de pesquisa conjuntos entre Brasil e França nos próximos 10 anos.

Confira outras imagens do evento no Flickr da UFC

Um dos principais e mais básicos desafios apontados diz respeito à qualidade dos dados hidrológicos que subsidiam toda a cadeia de pesquisa e planejamento hídrico na região. Ao contrário do que se pode crer, a manutenção de equipamentos de monitoramento, o tratamento de dados e a confiabilidade das informações colhidas são alvo de constante preocupação.

A informação foi reforçada pelos representantes de órgãos como a Agência Nacional das Águas (ANA), Marcelo Medeiros, e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), Meiry Sakamoto.

Medeiros, que é superintendente de Gestão da Rede Hidrometeorológica da ANA, citou a necessidade de mais automação do monitoramento, bem como a ampliação do uso de satélites para medir indicadores importantes, como a qualidade das águas de açudes e rios do semiárido.

Imagem: Evento ocorre até esta terça-feira (27) na Casa de José de Alencar (Foto: Ribamar Neto/UFC)Ele também destacou a interação da ANA com a academia. ­"Há, hoje, duas necessidades: uma delas é a formação de profissionais especializados, por meio de cursos de extensão e mestrados profissionais; outra é a chamada hidrologia espacial, numa tentativa de monitoramento remoto da rede hídrica e da qualidade da água, algo que carece de pesquisas e de apoio de projetos das universidades", explicou.

Meiry Sakamotofalou sobre o papel das universidades e explicou como as experiências francesas e brasileiras podem auxiliar no desenvolvimento da região.

Veja entrevista da UFCTV com a supervisora do Núcleo de Meteorologia da FUNCEME.

As dinâmicas sociais surgidas a partir da gestão hídrica, os conflitos de interesses entre diferentes atores e as diversas percepções sobre a seca foram alvo de reflexão, durante o evento, do pesquisador francês Julien Burte, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (CIRAD, na sigla em francês).

Docente na Universidade de Montpellier, na França, ele cursou parte de seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFC e há 20 anos colabora com projetos da Universidade e da FUNCEME. Agora, retornará à UFC para lecionar em programas de pós-graduação dessa área.

Confira entrevista da UFCTV com Julien Burte.



CONVIVÊNCIA – Uma das palestras que chamaram a atenção foi a da Profª Eunice Maia, docente aposentada do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFC. Conforme Eunice, é preciso repensar as formas de convivência com a seca no semiárido, região que costuma ser vista como "infortunada" devido à escassez de água, mas que é abundante em outros recursos naturais e privilegiada em incidência solar e energia. "Vamos trabalhar com o recurso escasso ou com o que é abundante?", indagou.

De acordo com Eunice, o Brasil tem o semiárido mais populoso do mundo, o que impõe desafios e reflexões sobre a economia e o desenvolvimento social da região. É preciso refletir, segundo ela, sobre a inclusão social e a gestão participativa – que, ao mesmo tempo, leve em conta a renda, a manutenção de vegetações e solos, a qualidade da água e a redução da emissão de CO2.

Confira entrevista da Profª Eunice Maia à UFCTV.

A REFBN teve continuidade no período da tarde, quando os participantes definiram as linhas prioritárias de trabalho conjunto e prospectaram possíveis instituições parceiras e fontes de financiamento.

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Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: 85 3366 7331

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