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UFC e startup parceira têm projeto aprovado para desenvolver curativo à base de celulose e grafeno

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará teve projeto aprovado na fase 2 da chamada pública Empreendimentos e Soluções de Base Tecnológica na Área de Grafeno, a partir do desenvolvimento de curativos de pele tecnologicamente avançados à base de biocelulose e nanopartículas de grafeno modificado.

Batizados de GrafDerm, os curativos desempenham uma ação bioativa sobre ferimentos, sendo feitos com biocelulose e contendo óxido de grafeno ancorado com nanopartículas de prata. O produto, desenvolvido em parceria com a startup BIOMTEC, possui propriedades antimicrobianas não citotóxicas.

Imagem: Microscopia eletrônica (aumento de 50.000 vezes) mostra as fibras de celulose entrelaçadas com óxido de grafeno ancorado com nanopartículas de prata

A chamada foi realizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação (SEMPI), com o objetivo de apoiar propostas de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação, visando à geração de empreendimentos e soluções de base tecnológica com o grafeno como principal objeto.

Na fase 1 (de conceituação, ideação, plano de negócio e projeto de PD&I complementar), foram aprovados 30 projetos de todo o Brasil. Já na fase 2 (de validação e PD&I, para apresentação de produto mínimo viável), foram aprovados 10 projetos, um deles o da UFC.

Os pesquisadores pertencem ao Departamento de Engenharia Química, com a liderança do Prof. Rodrigo Vieira, e ao Departamento de Física, sob liderança do Prof. Antonio Gomes de Souza Filho. Há também apoio da Profª Andréia Faria, do Departamento de Engenharia de Ciências Ambientais da Universidade da Flórida; da pesquisadora Erika Luz, bolsista no projeto; e da pesquisadora Fábia Karine, sócia-proprietária da BIOMTEC.

Ouça também notícia da rádio Universitária FM sobre o invento

O CURATIVO – Uma das vantagens do GrafDerm é que, por conta de sua característica de umidade, é adaptável à superfície da lesão, oferecendo flexibilidade e proteção ao tecido. O curativo possui ainda alta capacidade de remoção do exsudato (fluido proveniente dos ferimentos), regulação da temperatura e umidade sobre a área inflamada.

"A incorporação do óxido de grafeno ancorado com nanopartículas de prata confere [ao curativo] uma alta hidrofilicidade, melhorando suas características mecânicas, com o benefício antimicrobiano das nanopartículas de prata, que diminuem a carga microbiana infecciosa no ferimento, contribuindo para acelerar a proliferação das células epiteliais", explica Antonio Gomes, também coordenador da Central Analítica, laboratório associado ao SisNano2.0, programa nacional do MCTIC de laboratórios em nanotecnologia.

Imagem: Embalagem do GrafDerm com sugestão de identidade visual

PRODUÇÃO – Durante a fase 1 do edital, o GrafDerm foi desenvolvido a partir de produção laboratorial de biocelulose. O óxido de grafeno sofreu modificação química por meio da redução de íons de prata, promovendo a formação do nanocompósito GO-Ag, incorporado às membranas de biocelulose.

O efeito bactericida dos curativos foi avaliado contra três cepas bacterianas, e o teste de toxicidade usou células de fibroblastos. Além de boa remoção do exsudato, baixa toxicidade e atividade bactericida, os resultados também demonstraram um curativo com porosidade ao longo de sua espessura, que atua no controle de trocas gasosas, fator importante para a cicatrização.

Já para a fase 2, a equipe realizará testes pré-clínicos para validação da produção do GrafDerm e obtenção do plano de negócios expandido, em comparação com o plano de negócios apresentado ao fim da fase 1. A equipe atualmente busca parcerias com investidores, empresas e outros potenciais clientes ou parceiros. O objetivo é entrar no mercado farmacêutico como uma inovação tecnológica.

Outro avanço planejado para a fase 2 é o estudo in vivo em modelo animal, para determinar melhor as propriedades biológicas do curativo. A atividade cicatrizante será avaliada utilizando dois modelos: 1) de lesão cutânea infectada e protocolos de atendimento; e 2) de lesão cutânea diabética.

Os ensaios in vivo serão conduzidos pelo grupo das professoras colaboradoras Ana Paula Girol e Giovana Aparecida Gonçalves, do Centro Universitário Padre Albino (UNIFIPA), na Unidade Didática e de Pesquisa Experimental (UDPE), em Catanduva (SP). A unidade possui experiência no uso de modelos animais para avaliação de processos inflamatórios e de regeneração tecidual, envolvendo abordagens morfofisiológicas, histopatológicas, bioquímicas e moleculares.

Fontes: Prof. Antonio Gomes de Souza Filho, do Departamento de Física e coordenador da Central Analítica – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Prof. Rodrigo Silveira, do Departamento de Engenharia Química – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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