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UFC obtém 15ª patente com máquina agrícola que torna mais fácil e preciso o plantio de sementes

"Tem que morrer pra germinar / Plantar n'algum lugar / Ressuscitar no chão / Nossa semeadura." Assim Gilberto Gil, em sua bela canção intitulada "Drão", descreve um dos processos mais importantes da agricultura. A semeadura consiste na colocação de sementes no solo, para que depois elas possam brotar e se desenvolver, originando novas plantas. Para isso ser feito da forma mais satisfatória possível, porém, os agricultores geralmente contam com o auxílio de alguns equipamentos. Uma máquina criada por pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Ceará torna esse trabalho mais fácil e preciso.

Imagem: A semeadora puncionadora multifuncional poderá contribuir para a elevação da qualidade do trabalho agrícola familiar (Foto: divulgação)

Trata-se da "Semeadora puncionadora multifuncional para semeadura de multiculturas". O invento foi reconhecido no dia 21 de junho pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), resultando na 15ª carta patente conquistada pela UFC.

Assinam a invenção o Prof. Daniel Albiero, que na época era docente do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC e atualmente é professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Rafaela Paula Melo e Francisco Ronaldo Belém Fernandes, ex-alunos de doutorado da UFC orientados por Albiero. A pesquisa que culminou na patente é fruto da tese de Rafaela. O mesmo trio de pesquisadores é responsável por outra patente, concedida à UFC pelo INPI em abril deste ano.

Em linhas gerais, as semeadoras são instrumentos agrícolas destinados a dosar a quantidade adequada de sementes e depositá-las no solo, de acordo com o padrão de distribuição, que varia conforme a cultura a ser plantada. Especialistas consideram as máquinas desse tipo como uma das mais importantes na agricultura, pois elas criam as condições ideais para que o processo de semeadura seja realizado de forma correta.

Quando ocorrem falhas nessa etapa, o estabelecimento da cultura pode ser afetado, devido à redução do estande final de plantas, o que compromete a produtividade e a rentabilidade do cultivo.

Existem dois tipos principais de semeadoras: as de fluxo contínuo e as de precisão. As primeiras são popularmente denominadas "semeadeiras" e distribuem grandes quantidades de sementes na abertura feita na terra (sulco de semeadura), com pouca distância entre um e outro grão. Já as de precisão são conhecidas como "plantadeiras" e se caracterizam por distribuir sementes espaçadas, com distâncias mais homogêneas no sulco.

Ouça também notícia da rádio Universitária FM sobre a nova patente

DIFERENCIAIS ‒ A máquina criada na UFC é de precisão e foi projetada para realizar a distribuição de sementes de maneira pontual por meio de um puncionador vertical, que faz furos no chão e deposita as sementes no solo de forma precisa. Esse puncionador é acionado pelas rodas que movem a semeadora e por um eixo que inicia o processo de punção. Ao girar, o eixo faz com o que o sistema de punção desça, perfure o solo e abra a cova para a deposição da semente, garantindo um processo de semeadura uniforme.

Imagem: Ilustração da semeadora

Além disso, o equipamento gera menor revolvimento de terra se comparado a semeadoras que utilizam hastes e discos sulcadores e por isso possibilita maior conservação do solo.

"Outra característica extremamente importante é que, com esse tipo de mecanismo, conseguimos semear em terrenos com pedras, pois muitas áreas da agricultura familiar no Ceará se localizam em regiões com afloramento de rochas entre o solo", explica Rafaela Melo. A pesquisadora acrescenta que o baixo consumo energético é outro fator positivo da semeadora.

O utensílio é adaptável e pode ser utilizado no cultivo de diferentes culturas. Para isso é necessário realizar algumas regulagens, como no disco dosador de sementes, na profundidade de deposição e no espaçamento entre os grãos.

O público-alvo do invento são principalmente os agricultores familiares. Isso porque existem poucos equipamentos do tipo voltados aos pequenos proprietários rurais, embora esse segmento seja responsável por grande parte da produção agrícola nacional, especialmente de itens direcionados ao consumo interno. "Sendo assim, a patente desenvolvida poderá contribuir para a elevação da qualidade do trabalho agrícola familiar, aumento da capacidade de campo e da produção desses agricultores", reforça Rafaela.

Imagem: Área irrigada destinada à agricultura, às margens do açude Castanhão

Durante a pesquisa, foi desenvolvido um protótipo da semeadora para verificar seu desempenho em campo. Segundo Rafaela, vários testes foram realizados, nos quais o aparelho apresentou ótima performance para os parâmetros que foram avaliados. A expectativa é que, em breve, a máquina possa ser produzida comercialmente por alguma empresa agrícola que venha a se interessar pelo projeto.

SATISFAÇÃO E AGRADECIMENTO ‒ Essa é a terceira patente do Prof. Daniel Albiero oriunda de seu período como professor e pesquisador da UFC, todas concedidas neste ano (veja a primeira e a segunda). "É uma satisfação muito grande. Meu período de UFC (2010-2018) foi muito produtivo e isso somente foi possível pelo excelente ambiente de trabalho que encontrei no CCA e na Universidade como um todo. Só tenho a agradecer. E devo confessar que sinto saudades do tempo em que fui membro do quadro docente da Universidade Federal do Ceará", diz o professor.

A conquista de patentes para a Universidade, iniciada em 2019, é resultado, entre outros fatores, do esforço exercido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), por meio da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (UFC Inova). Nos últimos anos, houve um robusto crescimento e aperfeiçoamento da infraestrutura de inovação na UFC ‒ expresso, entre outros aspectos, pelo crescimento no registro de patentes.

Fontes: Prof. Daniel Albiero ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Rafaela Melo ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., dois dos responsáveis pelo invento

Por Marcos Robério Santo

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