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Equipe do Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH realiza o 2.000º transplante de fígado

A madrugada da última sexta-feira (27) jamais será esquecida pelo aposentado José Miguel da Silva, de 67 anos, nem pela equipe multiprofissional do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC. Para Miguel, o início de uma nova vida. Para a equipe, o marco de ter realizado o transplante de fígado de número 2 mil. O hospital é referência no Norte e Nordeste no procedimento, custeado 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 60% dos transplantados no HUWC são, como o sergipano Miguel, de outros estados e têm todo o tratamento pago pelo Ministério da Saúde.

Imagem: Equipe multidisciplinar do HUWC responsável pelos transplantes de fpigado

A esposa do paciente, Rosangela Rabelo da Silva, conta que ele sofre há cinco anos por conta de uma cirrose hepática e há quase um ano estava na fila para transplante. "Ontem, ligaram para mim avisando que tinha chegado esse órgão e, graças a Deus, nessa noite mesmo, ele foi transplantado", comemora. "Eu estou muito alegre, vai acabar todo o nosso sofrimento, porque eu sofria junto com ele. Vamos voltar para Aracaju com ele bem", completa.

O HUWC realiza transplante hepático desde 2002. O agricultor Joeudes Alves Macedo, de 58 anos, foi o segundo paciente. Ele conta que começou a apresentar problemas de saúde cinco anos antes. "Na época, perdi o baço e uma parte do fígado. Em 28 de outubro de 2002, tive a oportunidade de fazer o transplante de fígado e aumentar minha expectativa de vida. A espera pelo transplante é muito ruim, mas depois é só alegria. Hoje, quase 19 anos depois, levo uma vida praticamente normal", disse na reunião de comemoração do transplante de número 2 mil.

Conteúdo extra: Ouça também notícia da rádio Universitária FM sobre essa conquista

O Brasil tem o maior programa de transplante público do mundo. De janeiro a junho de 2021, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), foram realizados 920 transplantes de fígado no País. O Ceará é o quarto Estado em número de procedimentos, foram 78. Mas, nesse mesmo período, havia 137 pacientes na lista de espera.

O transplante envolve uma megaoperação de logística, altíssima qualificação dos profissionais e infraestrutura hospitalar de ponta, mas só é possível graças à solidariedade dos familiares dos doadores. A taxa de negação de doação no Ceará no primeiro semestre deste ano foi de 43%.

"Entendemos a complexidade da tomada de decisão de um familiar enlutado, por isso é tão importante que as pessoas manifestem em vida o desejo de ser doador", explica o chefe do Serviço de Transplante Hepático do HUWC e presidente da ABTO, Huygens Garcia. Por isso, faz-se tão necessária a campanha permanente de sensibilização pela doação de órgãos e momentos como o Setembro Verde, mês alusivo à pauta.

Imagem: O chefe do Serviço de Transplante Hepático do HUWC e presidente da ABTO, Huygens Garcia (ao centro, de pé), congratulou a equipe multiprofissional (Foto: divulgação/Unidade de Comunicação Social do Complexo Hospitalar)

REFERÊNCIA – A equipe multidisciplinar do HUWC é a segunda que mais realiza transplantes de fígado no País. A história do hospital com transplante começou em 1977, quando foi o primeiro a realizar transplante renal no Norte e Nordeste. A partir de 1999, profissionais do hospital intensificaram os treinamentos, inclusive em São Paulo e na Espanha, para, em 18 de maio de 2002, realizar o primeiro transplante de fígado do Ceará. Desde então, a demanda foi crescente. Até hoje, não há transplante hepático realizado nos Estados da Região Norte do Brasil.

No Nordeste, o Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí e até recentemente o Maranhão encaminham pacientes para o Ceará. Fez-se necessária a ampliação do serviço, tanto em infraestrutura física quanto na incorporação de novos profissionais. "Nosso ambulatório funciona como hospital-dia de forma muito adequada, com ultrassom para biópsias hepáticas, locais para fazer paracentese (retirada de água na barriga enquanto aguardam o transplante)... Temos uma média de 100 transplantes por ano, chegando a 163 em 2019", informa Huygens Garcia.

Neste marco comemorativo, o superintendente em exercício do Complexo Hospitalar UFC/EBSERH, Edson Lucena, atribuiu a toda a equipe de transplante o feito histórico dos 2 mil transplantes. "Nada seria possível se não tivéssemos um time azeitado, que sonha e realiza, que incentiva os novos alunos, formando-os na possibilidade de, mesmo com todas as dificuldades, ajudar famílias", concluiu o médico Edson Lucena.

O gerente de Atenção à Saúde do HUWC, Arnaldo Peixoto, agradeceu a toda a equipe multiprofissional do transplante hepático "por ter construído essa bela história de sucesso, amparando não apenas os pacientes mas também seus familiares".

Fonte: Unidade de Comunicação Social do Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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