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Artigo publicado em revista internacional destaca práticas parentais, como brincar com os filhos, para o desenvolvimento infantil

Práticas simples dos pais, como o brincar com os filhos na primeira infância, resultam em impactos positivos relevantes no desenvolvimento das crianças. Conclusões de um estudo neste sentido estão no artigo Positive Parenting Behaviors and Child Development in Ceará, Brazil: A Population-Based Study” (”Comportamentos parentais positivos e desenvolvimento infantil no Ceará, Brasil: um estudo de base populacional”).

A pesquisa feita em parceria entre a Universidade Federal do Ceará, Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS) e Universidade de Harvard foi publicada na revista Children, uma das mais respeitadas do mundo na área da pediatria

Imagem: O estudo com base no Ceará representa uma relevante contribuição para a área da pediatria (Foto: Gutierrez Reges)

O estudo com base no Ceará representa uma relevante contribuição para a área da pediatria, à medida que, como informa o artigo, “a maioria das pesquisas sobre práticas parentais e desenvolvimento infantil foi realizada na América do Norte e na Europa, e faltam evidências empíricas da associação entre comportamentos parentais positivos e desenvolvimento motor e cognitivo na América Latina”. No trabalho publicado são apresentados e analisados os primeiros resultados da sexta edição da Pesquisa de Saúde Materno-Infantil do Ceará (PESMIC), realizada em 2017.

“Foram analisadas 3.566 crianças de todo o Estado – elas são aleatoriamente sorteadas e todos os locais do estado, inclusive rurais, são representados. O instrumento utilizado é o Questionário de Idades e Estágios (ASQ, na sigla em inglês), que avalia cinco domínios do desenvolvimento infantil: comunicação, coordenação motora ampla, coordenação motora fina, resolução de problemas e habilidade pessoal social. São avaliadas crianças de zero a 66 meses (5,5 anos) de idade”, sintetiza o Prof. Hermano Alexandre Lima Rocha, do Departamento de Saúde Materno-Infantil e também pesquisador do Departamento de Saúde e População Global da Universidade de Harvard.

O Prof. Hermano Alexandre assina o artigo com os pesquisadores Luciano Lima Correia (Departamento de Saúde Comunitária da UFC), Christopher Robert Sudfeld (Harvard), Sabrina Gabriele Maia Oliveira Rocha (Departamento de Saúde Comunitária da UFC; UNICHRISTUS); Álvaro Jorge Madeiro Leite  (Departamento de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente da UFC); Márcia Maria Teixeira Machado (Departamento de Saúde Comunitária da UFC), Jocileide Sales Campos e Anamaria Cavalcante e Silva (UNICHRISTUS). O coordenador do estudo é o Prof. Luciano Lima Correia, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC.

Imagem: crianças brincam em parquinho em ambiente aberto com adultos ao redor.

PRÁTICAS BENÉFICAS De acordo com definição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), práticas parentais são comportamentos e atitudes dos pais [ou cuidadores diretos], como brincar com as crianças, cantar para elas e, no caso das maiores, ensinar as atividades escolares, entre outras ações. 

Na pesquisa, em cada domicílio, as informações sobre todas as crianças residentes no local foram obtidas a partir, principalmente, do relato da mãe (97,2% eram mães) ou do cuidador principal. Nos questionários aplicados, sobre brincadeiras com especificidades em relação a idades, aparecem questões sobre frequência com que os pais brincam com os filhos, se utilizam objetos que rolam ou se emitem sons.

Na área das interações de fala e linguagem específicas por idade, por exemplo, cuidadores de crianças de 0 a 1 ano foram questionados se cantaram músicas em geral ou canção de ninar para os filhos nos últimos três dias. Já para aqueles que lidam com crianças de 4 a 6 anos foram feitas perguntas como “Você ajudou a ensinar seu filho a ler nos últimos três dias?”. 

Imagem: criança de blusa azul brinca com brinquedos em mesa

Os pesquisadores assim se expressam na conclusão do artigo: “No geral, comportamentos parentais positivos foram independentemente associados a melhores resultados de desenvolvimento infantil em todos os domínios estudados em crianças de um estado brasileiro com recursos limitados. Embora o número de comportamentos parentais positivos tenha sido alto na população estudada, ainda assim foram identificadas associações. Pesquisas adicionais são necessárias para projetar intervenções e programas com o objetivo de melhorar ou aprimorar os comportamentos parentais no contexto brasileiro e avaliar seus efeitos. Os comportamentos avaliados têm origem no ambiente familiar.”

Acrescentam que “programas e intervenções direcionados às famílias que encorajam os comportamentos parentais específicos associados aos domínios do desenvolvimento infantil avaliados neste estudo podem universalizar essas práticas e melhorar os resultados do desenvolvimento”.

Para o Prof. Hermano Alexandre Lima Rocha, os achados "são muito relevantes para a sociedade dado que os comportamentos parentais são fatores modificáveis e podem ser trabalhados com baixo custo pelo estado. Lembrar sempre que o Nobel de Economia Heckman relata que o melhor investimento que uma sociedade pode fazer é em desenvolvimento infantil, a cada dólar investido seis retornam em mais produtividade econômica e bem-estar social”.

O artigo pode ser lido na íntegra, em inglês, no site da revista Children

Há também versão do artigo disponível em português.

Fonte: Prof. Hermano Alexandre Lima Rocha, do Departamento de Saúde Materno-Infantil da FAMED ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. 

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