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Primeira dissertação de Mestrado em Gastronomia é defendida na UFC; pesquisa explora o potencial da “flor” do mangará da bananeira

O Mestrado em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará realizou, na última segunda-feira (17), no Instituto de Cultura e Arte (ICA), sua primeira defesa de dissertação, com uma pesquisa que explorou o potencial gastronômico da “flor” do mangará da bananeira, insumo encontrado na parte interna do mangará – estrutura avermelhada ou arroxeada conhecida popularmente como “coração” da bananeira.

A dissertação, intitulada Beneficiamento da flor do mangará da bananeira (Musa x paradisíaca) e o desenvolvimento de conservas, foi defendida pelo agora mestre Pedro Abreu da Silva Neto, sob a orientação do Prof. Sandro Gouveia, docente do Departamento de Química Analítica e Físico-Química e do Programa de Pós-Graduação em Gastronomia. 

Imagem: O insumo caracterizado como "flor" do mangará da bananeira é semelhante a pequenos palmitos (Foto: acervo pessoal)

Trata-se de um momento histórico para o ICA, tendo em vista que esse é o primeiro e único Mestrado Acadêmico em Gastronomia do Brasil, aprovado em 2020, com a primeira turma iniciada em 2021.

A FLOR DO MANGARÁ – Na apresentação, o mestrando explicou que o objetivo da pesquisa “foi desenvolver protocolo de beneficiamento da flor do mangará para manter suas qualidades físicas e sensoriais com possibilidade de aplicabilidade em alimentos”. Para isso, Pedro Abreu e seu orientador realizaram procedimentos para uma melhor caracterização físico-química do insumo, além de testes de processamento sem oxidação e de redução do “sabor tânico”, que é seu sabor amargo in natura.

Após esses procedimentos, foram preparados antepastos como tempurá, caponata e iscas fritas, posteriormente aplicados em análise sensorial em grupo focal de pessoas.

As conclusões da pesquisa e da degustação demonstraram o potencial alimentício e a viabilidade do uso da flor do mangará como possível “carne vegetal”, com versatilidade para uso em conservas, petiscos e antepastos, como patês, salpicão, pizza, hambúrguer e caponata. Os preparos tiveram avaliação positiva para o sabor e o potencial para a comercialização de produtos a serem desenvolvidos.

Imagem: Da esquerda para a direita: Pedro Abreu, Prof. Sandro Gouveia, Prof Paulo Henrique Machado e Profª Luciana de Siqueira (Foto: acervo pessoal)

O trabalho também se destaca pelo aspecto da sustentabilidade. Conforme o Prof. Sandro Gouveia, outra proposta da pesquisa é repassar os processos desenvolvidos para a Comunidade Quilombola da Serra do Evaristo, no município de Baturité, com potencial de geração de renda para aquela população. “Fizemos preparações básicas que podem servir para o desenvolvimento de outros produtos, e a ideia é retornar à comunidade e repassar essas informações”, explicou o orientador.

Conforme acrescentou o autor da dissertação, Pedro Abreu, a comunidade foi parceira no fornecimento do mangará. “Por se tratar de pesquisa com planta alimentícia não convencional (PANC), queremos realizar uma devolução social, transferindo conhecimento sobre a possibilidade de consumo de um alimento que antes seria descartado e sobre sua possível comercialização”, explicou.

Concluído o mestrado, Pedro diz pretender seguir na carreira acadêmica. Ele foi aprovado no Doutorado em Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFC e inicia essa nova fase de estudos no próximo semestre.

A banca de avaliação da dissertação foi formada, ainda, pelo coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gastronomia, Prof. Paulo Henrique Machado de Sousa, e pela Profª Luciana de Siqueira Oliveira, do Departamento de Engenharia de Alimentos e do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFC.

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Gastronomia – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / Produção Cultural do Instituto de Cultura e Arte - fone: (85) 3366 9222.

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