Agência UFC: Tecnologia com líquido da castanha-de-caju para siderurgia atrai interesse de mineradora global
- Quarta, 11 Junho 2025 09:44
- Escrito por UFC Informa
Resíduo agroindustrial amplamente descartado, o líquido da castanha-de-caju (LCC) pode agora desempenhar um papel estratégico na siderurgia, otimizando processos, reduzindo custos e se apresentando como uma solução para a transição energética do setor. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) acabam de patentear o uso do óleo na geração de aglomerantes para processos siderúrgicos, e a nova tecnologia já está em negociação com players nacionais e internacionais para fins de licenciamento e comercialização.
Segundo o professor Diego Lomonaco, do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC e um dos responsáveis pelo invento, o uso do LCC tem o potencial de revolucionar o setor. Isso porque a aplicação do óleo no processo siderúrgico garante uma série de vantagens para as indústrias — com melhor desempenho e redução de impurezas no processo — e para o meio ambiente, com redução de emissões pela substituição de derivados de petróleo e pelo menor uso de combustíveis auxiliares.
Conforme a tecnologia patenteada, o LCC atua como componente-chave em uma nova geração de aglomerantes desenvolvidos para a siderurgia. Ele serve como produto base para “ligar” partículas finas de materiais, geralmente sólidos ricos em carbono e elementos ferrosos de dimensões reduzidas e proporções variadas. Esses elementos precisam ser aglomerados em corpos de maior dimensão, com resistência mecânica adequada para aplicação posterior, na forma de briquetes.
Os briquetes são uma forma de compactar partículas finas. Por reduzirem as emissões de carbono e outros gases de efeito estufa, têm o potencial de substituir o sínter e a pelota — produtos comumente usados na siderurgia, mas de elevado impacto ambiental.
O líquido da castanha-de-caju, diferentemente de aglomerantes sintéticos ou minerais usados na siderurgia, é livre de óxidos ácidos, como sílica, óxido de alumínio e álcalis — impurezas prejudiciais aos reatores metalúrgicos. “Esses óxidos podem causar formação indesejada de escória, acelerar o desgaste dos fornos e comprometer o rendimento metalúrgico. Com nosso sistema aglomerante, a reação é limpa: melhor desempenho, menos resíduos e maior vida útil dos equipamentos”, afirma Lomonaco.
Para o professor Diego Lomonaco, que também integra o Laboratório de Produtos e Tecnologia em Processos (LPT), a expedição da carta-patente representa “um divisor de águas”. Com a propriedade intelectual formalmente reconhecida, os pesquisadores estão mais bem posicionados para negociar a tecnologia. “Nossa expectativa é que empresas atentas à inovação, sustentabilidade e competitividade se antecipem e abracem essa oportunidade antes que ela se torne um diferencial exclusivo de algum concorrente”, afirma.
A nova tecnologia é tema de reportagem da Agência UFC, o veículo de divulgação científica da universidade. O material completo traz mais informações sobre como funciona o invento e as vantagens em sua aplicação.
Fonte: Diego Lomonaco, professor do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC – e-mails: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.