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Campus de Sobral forma sua 30ª turma de Medicina celebrando sonhos, sentimentos e humanidade

O Campus de Sobral da Universidade Federal do Ceará formou, na terça-feira (10), sua 30ª turma de Medicina. Na solenidade de colação de grau, ocorrida no auditório do campus, graduaram-se 41 formandos. Agora, já são ao todo 1.085 médicos e médicas formados pela UFC em Sobral, desde o início das atividades na unidade, iniciadas em 2001.

A solenidade teve 41 concludentes; essa foi a trigésima turma de Medicina formada no Campus de Sobral (Foto: Guilherme Silva/UFC)

Mas uma turma que conclui a graduação sempre é muito mais do que um número. São histórias únicas de pessoas que passaram alguns anos de suas vidas na universidade, vivendo intensamente cada experiência. No caso da concludente Yana Sousa, finalizar essa etapa significa o encerramento de um longo ciclo de paciência, resiliência, dedicação e muitas outras coisas.

Tudo começou quando ela fazia o Ensino Médio, em Ubajara. Lá ela estudava em uma escola de ensino profissionalizante da rede pública estadual, no curso técnico de Enfermagem. De origem humilde, foi criada por uma avó e, desde muito cedo, não teve a presença próxima do pai nem da mãe. Foi crescendo e vendo nos estudos uma oportunidade de melhorar de vida. Por isso era bastante aplicada na escola, sempre com boas notas. Fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e se saiu muito bem, com nota suficiente para entrar em Medicina (que era seu sonho) em diferentes universidades. Porém, as peripécias da vida não permitiram isso naquele momento. Porque, no último ano da escola, Yana engravidou durante um relacionamento iniciado no ano anterior. Ela terminou o Ensino Médio num dia e, no outro, deu à luz o filho, Davi. E aí o sonho da Medicina teve que esperar.

Yana Sousa precisou adiar seu sonho de fazer Medicina para ser mãe e conciliou estudo e trabalho durante toda a graduação (Foto: Guilherme Silva/UFC)

“Não tinha como ser naquele momento, então eu resolvi adiar aquele sonho por um tempo. Foi triste, porque eu sabia que tinha condições de entrar logo, mas tive que repensar e ressignificar aquele momento. Eu disse ‘agora eu vou ser mãe e tenho que fazer isso direito, porque eu nunca tive pai e mãe presentes’. Eu queria preencher essa lacuna, que era ser uma boa mãe e dar uma família pro meu filho”, conta.

Um tempo depois, precisando trabalhar para sustentar o filho e a si própria, Yana viu Sobral entrar em seu caminho. Como já tinha o curso técnico em Enfermagem, ela fez concurso e foi aprovada para atuar no Hospital Regional Norte, sendo uma das primeiras servidoras da unidade, inaugurada no município em 2013. Mas aquele sonho de ser médica continuava cuidadosamente guardado, esperando para ser reavivado. Poucos anos depois, quando o filho estava com 4 anos, ela voltou a estudar para o Enem, conciliando a rotina de aulas e exercícios com o expediente no hospital. A aprovação veio em 2018. Yana diz que naquele dia, quando viu que havia sido aprovada, chorou de alegria pela primeira vez na vida.

“Até então tinha muita gente que pegava na minha mão e me apoiava. Mas tinha muita gente que apenas ria. Porque era uma pessoa que veio de baixo, que não tinha ninguém, que não tinha status, que não tinha nada, e consegui, sendo mãe e trabalhando. Foi uma vitória muito grande”, valoriza, com a certeza de quem sempre teimou em confrontar as condições para viver a vida que queria e merecia. Durante todo o período na UFC, ela estudava durante o dia e trabalhava à noite no hospital. Ontem, ao lado de Davi, hoje com 11 anos, e de outras pessoas que acreditaram em seu sonho, Yana irradiava plenitude e alegria. “Me sinto extremamente realizada. A trajetória não foi fácil. Mas eu dei conta e estou muito feliz.”

Eduardo contou com auxílios da universidade para ter condições de seguir no curso e, agora formado, espera colher bons frutos (Foto: Guilherme Silva/UFC)

DOCES FRUTOS – Também de origem humilde, o concludente Eduardo Moura celebrou junto com a família a conquista do tão sonhado diploma de médico. Algo que só foi possível, segundo ele, pelos benefícios de assistência estudantil dos quais pôde usufruir ao longo do curso. “A UFC é uma universidade que tem uma série de auxílios, e eu utilizei alguns deles. Tive o Auxílio-Moradia, porque sou de Fortaleza, e tive Bolsa de Iniciação Acadêmica. Então, embora seja de origem humilde, eu consegui passar por essas questões [dificuldades] com esses auxílios da UFC, e às vezes trabalhava no final de semana. Mas deu certo. [...] A caminhada é um pouco amarga, mas os frutos são doces. Vale a pena”, comemorou.

Levy Mesquita destacou a excelência da UFC e disse que pretende valorizar a humanização em sua atuação como médico (Foto: Guilherme Silva/UFC)

PARABÉNS PRA UFC – Ciente da importância de tudo o que viveu ao longo dos últimos anos, o concludente Levy Mesquita é especialmente grato à UFC e a tudo o que a universidade lhe proporcionou. “O sentimento é de gratidão por ter participado dessa jornada em uma universidade pública e de qualidade, que abarcou e abraçou todo tipo de aluno desde o começo, com professores e estrutura excelentes, que não deixam nada a desejar. Então é só agradecer. Parabéns para nós e para a UFC”, congratulou. Ele acrescentou que pretende exercer sua profissão de forma humanizada, reconhecendo as pessoas para além de suas eventuais doenças e valorizando sua singularidade e importância social.

A oradora discente da solenidade, Ester Lima, falou sobre sonhos compartilhados e sobre a importância dos sentimentos (Foto: Guilherme Silva/UFC)

SENTIR É PRECISO – A oradora discente da solenidade, Ester Lima, se emocionou ao lembrar que cada trajetória - seja de jovens recém-saídos do ensino médio ou de adultos que decidiram mudar de rumo após anos em outra carreira - culminou no mesmo sonho: tornar-se médico. “Hoje, estamos todos realizando o mesmo sonho. Mostrando que nunca é tarde para fazer o que se ama. Mostrando que a caminhada pode ser longa, mas o destino vale cada passo.”

A força emocional exigida da prática médica também foi destaque no discurso. Em um dos momentos mais reflexivos, a oradora afirmou que ser um bom médico não significa se blindar das emoções, mas sim aprender a seguir em frente apesar delas. “Ser forte e ser um excelente médico não é sobre não sentir; é sobre conseguir continuar, mesmo sentindo tanto”, compartilhou.

O orador docente, Alex Sandro Grangeiro, falou sobre inseguranças e sobre a superação do medo (Foto: Guilherme Silva/UFC)

CONSERVAR O MEDO – O orador docente, Alex Sandro Grangeiro, falou sobre as inseguranças vividas no início da sua trajetória como docente da instituição, especialmente durante o difícil período da pandemia. Ele comparou seus medos aos dos formandos, oferecendo o seguinte conselho: “Orgulhem-se do medo que estão sentindo hoje. Mas orgulhem-se ainda mais de buscar superá-lo.” Ao convocar os novos médicos a nunca esquecerem os motivos que os levaram a escolher a Medicina, o professor reforçou a importância do propósito e da humanidade no exercício da profissão.

O reitor Custódio Almeida destacou a missão pública e transformadora da Universidade e salientou a importância da visão de conjunto e da responsabilidade social (Foto: Guilherme Silva/UFC)

RESPONSABILIDADE E LIBERDADE – O reitor Custódio Almeida destacou a missão pública e transformadora da Universidade, convocando os novos médicos a exercerem a profissão com responsabilidade social e consciência coletiva. “A Universidade é a única instituição do mundo que carrega no seu DNA a missão de nos convidar, incessantemente, a não esquecermos que somos por natureza animais políticos”, afirmou o reitor, reforçando que a formação universitária não apenas habilita para o exercício técnico de uma profissão, mas também desperta a cidadania e o compromisso com a justiça e a liberdade.

O reitor cumprimentou e parabenizou o professor Gerardo Cristino, que está se aposentando. Ele é ex-coordenador do curso de Medicina do Campus de Sobral e foi também um dos fundadores do curso. O docente foi aplaudido pelos presentes. Estiveram presente à cerimônia a secretária de Educação de Sobral, Cynira Kézia Sampaio, e a reitora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Izabelle Mont’Alverne.

Fonte: Secretaria de Comunicação e Marketing (UFC Informa) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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