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Estudante do grupo de astronomia da Seara da Ciência recebe certificado do MCTI pela detecção de asteroides

A estudante do ensino médio Yasmim de Azevêdo Quaresma, 17 anos, integrante do Grupo de Astronomia da Seara da Ciência (GAS Interestelar), da Universidade Federal do Ceará, recebeu na última quinta-feira (9) certificado e medalha do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), astronauta Marcos Pontes, por sua participação no programa Caça Asteroides. O programa é desenvolvido numa parceria entre o MCTI e a International Astronomical Search Collaboration (IASC), da Agência Espacial Americana (NASA).

Na cerimônia, que fez parte da programação da 18ª Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, ela manteve contato também com o fundador do programa, o matemático Patrick Miller, que coordena a IASC. Com a orientação do Prof. Ednardo Rodrigues, coordenador do GAS Interestelar, Yasmim detectou 11 asteroides, e sua colega de equipe, Lara Barbosa, identificou um outro.

Imagem: Na solenidade, Yasmim de Azevêdo recebeu certificado e conheceu o ministro astronauta Marcos Pontes (esq.) e o fundador do programa Caça Asteroides Patrick Miller (dir.) (Foto: acervo pessoal)

A detecção foi feita a partir de imagens captadas pelo telescópio Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS), localizado no Havaí, e cujas imagens foram enviadas em pacotes pela IASC para análise de astrônomos voluntários de várias partes do mundo. Yasmim explica que cada pacote possui quatro imagens que são tiradas em sequência. Com a ajuda de um aplicativo – o Astramétrica – é criado uma espécie de vídeo que ajuda a identificar um corpo celeste que esteja se movimentando entre as imagens, o que pode, no caso, ser um asteroide.

O trabalho de reconhecimento dos 12 asteroides passa agora para a fase denominada preliminar, "quando são feitas pesquisas para identificar se eles são realmente desconhecidos para serem numerados", diz a estudante. Depois de numerados, organizações como a NASA, a Agência Espacial Europeia e outras de astronomia pelo mundo vão realizar estudos para saber dimensão, órbita, trajetória e composição dos asteroides, além de possível risco de colisão de um deles com a Terra.

Ao final de um longo e detalhado processo, que pode durar até 10 anos, o novo asteroide pode ganhar um nome. Em entrevista concedida em agosto deste ano, ela revelou o nome que gostaria de dar a um novo asteroide: Paracuru

SONHO DE INFÂNCIA – Estudante do 1ª ano do ensino médio do Colégio Ari de Sá, da rede particular de Fortaleza, integrando turma preparatória para tentar vaga no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Yasmim revela que desde cedo se apaixonou pela astronomia, tendo diversas participações na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). Em casa, sempre ouviu dos pais sobre a importância do estudo e das pesquisas. Conta ainda que sonhava conhecer "o primeiro e, até agora, único astronauta brasileiro". Mas considerava algo distante.

Para ela, foi uma grande alegria, então, conhecer o ministro astronauta no contexto da programação da Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, receber o certificado, poder falar com ele e tirar fotos. Como se não bastasse, no dia da premiação ter tido também a oportunidade de conversar em inglês com o fundador do programa Caça Asteroides, Patrick Miller. "No autógrafo, ele escreveu no papelzinho: 'vá para a faculdade e estude muita ciência' e assinou embaixo. Foi incrível a sensação".

Imagem: Yasmim Azevêdo diz que se apaixonou pela astronomia ainda criança e que realizou um sonho de infância ao conhecer o ministro astronauta Marcos Pontes (Foto: acervo pessoal) Com dois anos de ensino médio ainda pela frente, Yasmim planeja "talvez fundar algum projeto ou campanha que engaje mais crianças, mais jovens, para participarem de olimpíadas e mais programas como o Caça Asteroides. Todo mundo pode participar do Caça Asteroides. Muitos colegas do projeto conseguiram bolsas em escolas particulares", diz. Ela pensa ainda em investir em iniciativas que pesquisam exoplanetas e estrelas, e trazer esses projetos para o Brasil. Como tem plano também de estudar nos Estados Unidos, lembra que essas atividades extracurriculares contam muito para obter uma vaga nas disputadas universidades norte-americanas.

No desejo de incentivar crianças e adolescentes a estudar ciências, Yasmim destaca a necessidade de motivar especialmente as meninas. "Eu faço parte de uma turma preparatória para o ITA, sou bolsista, e a discrepância entre homens e mulheres é absurda. Na minha sala são 20 e poucos homens e quatro meninas. Então ainda vejo um certo preconceito em torno da parte de ciências exatas, engenharias etc.", comenta.

DESPERTANDO VOCAÇÕES – O Prof. Ednardo Rodrigues informa que o GAS - Interestelar da Seara conta hoje com um grupo de 20 estudantes de escolas públicas e privadas de Fortaleza. As atividades do grupo incluem observações práticas, treinamento com telescópios, produção de foguetes acadêmicos, pesquisas com dados de telescópios espaciais, entre tantas outras ligadas à astronomia. Com a pandemia, encontros presenciais ficaram mais restritos, mas o grupo segue atuante, seja em reuniões com grupos menores seja com o trabalho de tutoria em modo remoto, como o que ele fez com a equipe de Yasmin.

O coordenador considera que o fato de estudantes de ensino médio participarem de um programa como o Caça Asteroides possibilita "o contato com dados que cientistas profissionais lidam". É importante para desenvolverem aptidões e escolherem a vocação na área da ciência. O papel de despertar interesse pela ciência tem sido, assim, cumprido bem pelo GAS. "Por aqui já passaram estudantes que hoje estão em grandes universidades do mundo e do Brasil estudando astronomia, astrofísica, engenharia aeroespacial. Aqui eles acabam se descobrindo", comemora o professor.

Por sua vez, como coordenador da Seara da Ciência, o Prof. Ilde Guedes se sente muito feliz porque o GAS, como um grupo integrante da Seara, consegue promover atividades que estão inseridas nos três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. "O GAS é bastante transversal e estamos todos muito contentes com as atividades que o grupo vem realizando há muitos anos", ressalta.

Observa ele que na parte do ensino, são ministrados cursos básicos de Astronomia voltados para alunos do ensino médio, de forma gratuita, o que pode ser retomado em 2022 (conforme esteja a pandemia). Além disso, através dos professores Ednardo, Dermeval Carneiro e Heliomárzio Moreira, é realizado treinamento dos estudantes para olimpíadas nacionais e internacionais com aulas teóricas e práticas.

Quanto à pesquisa, são estimuladas e realizadas pelos professores com alunos tanto do ensino médio como os que já estão na Universidade, em diferentes aspectos da Astronomia. Ao se referir à conquista da Yasmim, o Prof. Ilde considera que foi "consequência natural do trabalho que vem sendo desenvolvido há muitos anos… Então é plantar direitinho que a gente vai colher", conclui.

SAIBA MAIS – O programa Caça Asteroides se desenvolve em 80 países e 6 mil escolas com 40 mil estudantes ao redor do mundo. No Brasil, a iniciativa já está presente em 700 instituições, e estudantes e professores brasileiros encontraram mais de 14 mil asteroides.

Fontes: Prof. Ednardo Rodrigues, coordenador do Grupo de Astronomia da Seara da Ciência – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; e Yasmim de Azevêdo, integrante do GAS Interestelar – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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