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Consórcio internacional com participação do LABOMAR publica documento "10 fatos sobre a poluição marinha por microplásticos"

Desde o ano 2000, o número de partículas de plástico depositadas no fundo do oceano triplicou, e os estuários, onde o rio encontra o mar, são a maior fonte dessa poluição. Após identificar recentemente uma alta contaminação por microplásticos no rio Cocó e na costa de Fortaleza, o projeto internacional I-plastics, do qual participa o Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará, acaba de lançar o documento “10 fatos sobre a poluição marinha por microplásticos”.

Imagem: Homem joga rede no rio para coletar peixes

Feito em linguagem simples, o informativo busca, através de dados, alertar para a necessidade de políticas públicas concretas para a redução significativa da poluição plástica nas próximas décadas. O documento explica que a concentração de plásticos é especialmente elevada junto a centros urbanos, e as microfibras de plástico são o tipo de microlixo mais frequente nos estuários.

Através do projeto I-plastics, os pesquisadores analisaram a dispersão e os impactos ambientais tanto em mares tropicais (como no Brasil e no continente africano) quanto nos mares temperados do Mar Mediterrâneo e do Atlântico Norte. A iniciativa também visou entender o transporte de microplásticos nos rios que passam pelas grandes cidades e a quantidade desses contaminantes transportada para o oceano. Foram feitas pesquisas na região do Delta do Ebro (Espanha), no rio Mondego (Portugal) e no rio Cocó (Fortaleza, Ceará).

“No caso do rio Cocó e na costa de Fortaleza, encontramos contaminação por microplásticos (filmes, fragmentos, tintas, isopores, borrachas) ao longo de todo o ano, incluindo na água, nos sedimentos e na fauna”, informa o Prof. Marcelo Soares, do LABOMAR, e coordenador da equipe brasileira na iniciativa. “Na fauna, analisamos animais como os corais que são importantes para o ecossistema. Além disso, analisamos animais que são comestíveis pelos seres humanos, como ostras, búzios e peixes. Cerca de 75% dos peixes e 62% dos moluscos que coletamos no rio Cocó estavam contaminados por microplásticos”, revela o professor.

Os esgotos domésticos, os pneus dos carros, as rodovias, os edifícios e as embarcações estão entre as principais fontes de poluição, destaca o pesquisador. “Necessitamos de políticas públicas urgentes para o tema”, defende.

O I-plastics foi selecionado na chamada internacional da Joint Programming Initiative Healthy and Productive Seas and Oceans (JPI Oceans), programa intergovernamental voltado a aumentar o impacto dos investimentos em pesquisa e inovação marítimas. O programa teve suporte financeiro da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), por parte do Brasil, e dos governos europeus de Portugal, Itália e Espanha.

Além do LABOMAR, da UFC, integram o projeto o Instituto Hidrográfico de Portugal, a Universidade Nova de Lisboa, a Universitat Autònoma de Barcelona e a Università del Salento. Pelo LABOMAR, fazem parte da iniciativa os pesquisadores Marcelo Soares, Rivelino Cavalcante, Carlos Teixeira, Michael Viana, Caroline Feitosa, Carlos Eduardo Peres Teixeira, Bárbara Paiva, Sergio Rossi, Tommaso Giarrizzo e Tatiane Garcia, além de alunos de graduação, mestrado e doutorado.

Imagem: fotos de microplásticos encontrados nos peixes

O I-plastics é um dos 10 projetos de investigação pan-europeus, no âmbito do JPI Oceans, dedicados a investigar os aspectos ecológicos dos microplásticos no ambiente marinho. Desde 2014, 15 países europeus e o Brasil investiram 18,2 milhões de euros nestes projetos.

EXPEDIÇÃO ‒ O I-plastics também fez um cruzeiro de pesquisas que saiu do Brasil e seguiu até Espanha, cruzando o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. Nessa expedição, participaram as discentes de mestrado Ravena Santiago e Yasmin Barros. A pesquisa transoceânica buscou entender onde estão e quais são os microplásticos nessa vasta área, bem como qual seu atual estado de impacto.

“O projeto foi uma oportunidade de aumentar a colaboração internacional e buscar soluções para um dos maiores problemas ambientais que a humanidade enfrenta no momento. Em dois anos, foram publicados 16 artigos científicos em revistas de alto impacto internacional e mais de 50 notícias para a imprensa visando divulgação científica”, afirma o Prof. Marcelo Soares.

Fonte: Prof. Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) ‒ fone: (85) 3366 7010

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